O Ministério da Saúde confirmou que, quase uma década após o surto de zika que impactou milhares de famílias brasileiras, os filhos das mulheres infectadas durante a gestação seguem enfrentando desafios significativos no desenvolvimento.
Vale mencionar que o vírus, que provocou uma epidemia entre 2015 e 2016, levou ao aumento expressivo de casos de microcefalia e outras condições neurológicas, como a hidrocefalia.
Atualmente, essas crianças estão na faixa dos oito a nove anos de idade e continuam demandando acompanhamento especializado, reabilitação contínua e suporte socioemocional. Isso porque a hidrocefalia, caracterizada pelo acúmulo excessivo de líquido no cérebro, acarreta atrasos no desenvolvimento motor, cognitivo e na comunicação.
Desafios que seguem além da epidemia de Zika
Vale mencionar que, embora o Brasil tenha controlado a circulação do vírus zika, os impactos do surto permanecem vivos na rotina dessas famílias. Segundo levantamento da Fiocruz, muitas crianças diagnosticadas com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, associada à hidrocefalia, continuam enfrentando barreiras no acesso à saúde pública e à educação inclusiva.
Outro detalhe importante é que, embora a medicina tenha avançado no manejo da hidrocefalia, com procedimentos como a colocação de válvulas para drenar o líquido cerebral, o acompanhamento contínuo ainda é indispensável. As famílias precisam de suporte multidisciplinar, envolvendo fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, neuropediatria e psicopedagogia.
Além disso, existem desafios sociais relevantes. Muitas mães, que se tornaram cuidadoras em tempo integral, precisaram abrir mão de suas carreiras, o que impactou diretamente na renda familiar. Programas sociais e auxílios financeiros, embora existam, nem sempre são suficientes para atender às demandas específicas dessas crianças.
Avanços, rede de apoio e perspectivas futuras
É importante mencionar que, nos últimos anos, surgiram avanços significativos em termos de políticas públicas, embora ainda insuficientes. Organizações não governamentais e associações de pais e mães desempenham papel fundamental no fortalecimento de redes de apoio e no compartilhamento de informações.
Dessa forma, algumas iniciativas, como centros de reabilitação especializados, passaram a oferecer atendimentos mais integrados. Isso tem proporcionado melhoria na qualidade de vida dessas crianças, que, apesar dos desafios, apresentam evoluções importantes, especialmente quando recebem estímulos adequados desde os primeiros anos.
Com isso, embora a jornada dessas famílias esteja longe de ser fácil, a combinação de tratamento contínuo, acesso a terapias e fortalecimento de políticas públicas tem sido fundamental para garantir uma vida mais digna e com mais autonomia para as crianças com hidrocefalia decorrente da zika.