A ideia de um grande objeto de metal, como um avião, se manter no ar e voar por longas distâncias ainda causa fascínio e até certo mistério para muitas pessoas. Afinal, como é possível que algo tão pesado e volumoso consiga decolar e permanecer no céu? A resposta para essa pergunta envolve um conjunto de fenômenos físicos complexos e fascinantes.
Abaixo, explicamos como isso tudo funciona, desde as partes da aeronave até os fenômenos que ocorrem quando o avião está no céu.
Papel da aerodinâmica nas asas
As asas de um avião são projetadas de maneira a maximizar a diferença de pressão entre a parte superior e inferior delas. Isso acontece porque a forma da asa é curva na parte de cima e mais reta na parte de baixo. Quando o ar passa por elas, ele se move mais rápido na parte superior, gerando uma pressão menor do que na parte inferior.
A pressão maior abaixo da asa cria uma força chamada sustentação, que é o principal responsável por manter o avião no ar. É como se a asa fosse “sugada” para cima pelo ar que flui mais lentamente abaixo dela.
Essa sustentação precisa ser maior do que o peso do avião para que ele se eleve. E essa é a base do princípio de voo: o formato das asas e o comportamento do ar geram uma força capaz de combater a gravidade, o que permite que a aeronave decole e permaneça no céu.
Importância do impulso gerado pelas turbinas
Uma vez que o avião começa a voar, ele precisa de uma força adicional para continuar se movendo para frente. Isso é garantido pelas turbinas, hélices ou motores a jato. A função desses motores é gerar o impulso necessário para que o avião se desloque. As turbinas a jato, por exemplo, funcionam de maneira a exaurir o ar para trás com alta velocidade, o que faz com que o avião seja empurrado para frente, conforme a terceira lei de Newton: “para toda ação, há uma reação”.
Esse impulso precisa ser constante durante todo o voo, já que a resistência do ar, conhecida como arrasto, age contra o movimento do avião. O arrasto é causado pelo atrito do ar com a superfície da aeronave e é maior em velocidades mais altas, sendo, portanto, um dos maiores desafios a serem superados em grandes altitudes e altas velocidades.
Quatro forças do voo
Todo voo depende de um equilíbrio delicado entre quatro forças principais: sustentação, peso, tração e arrasto. Cada uma delas tem um papel fundamental no processo de voo:
- Sustentação: Como mencionado, é gerada pela diferença de pressão nas asas, sendo a força vertical que mantém o avião no ar.
- Peso: Refere-se à força gravitacional que puxa o avião para o chão. Para vencer essa força, a sustentação deve ser maior do que o peso da aeronave.
- Tração: Gerada pelas turbinas ou hélices, essa força impulsiona o avião para frente, mantendo sua velocidade de voo.
- Arrasto: Como o atrito do ar com a superfície da aeronave, o arrasto resiste ao movimento do avião. Para que o voo seja eficiente, é necessário minimizar o arrasto, o que é feito com o design aerodinâmico da aeronave.
Desafio da decolagem e aterrissagem
Durante a decolagem, o avião precisa atingir uma velocidade suficientemente alta para que a sustentação seja maior que o peso, o que permite que ele se desloque para o céu. Isso é feito pelas turbinas que geram um forte impulso para frente, e o ar, ao ser forçado pelas asas, cria a pressão necessária para levantar o avião. Em altitudes mais elevadas, o ar é mais rarefeito, o que torna mais difícil gerar a sustentação necessária, sendo esse um fator crucial durante o voo em grandes altitudes.
Na aterrissagem, a física também entra em cena. O avião precisa diminuir a velocidade para que o peso possa ser controlado, e a inércia, conforme explicada pela 1ª Lei de Newton, faz com que o avião continue em movimento até que os motores sejam desacelerados. A aerodinâmica das asas e o controle das flaps (superfícies móveis nas asas) ajudam a reduzir a velocidade e garantir uma aterrissagem suave e segura.
Turbulência
A turbulência é outro fenômeno que gera curiosidade nos passageiros de aviões. Ela ocorre devido à instabilidade no fluxo de ar, que pode ser causada por mudanças de temperatura, velocidade do vento e até pela presença de montanhas ou outros obstáculos no caminho do avião.
Quando o avião passa por essas áreas de ar turbulento, ele experimenta movimentos irregulares que podem ser desconfortáveis, mas geralmente não são perigosos. Isso ocorre porque as aeronaves são projetadas para resistir a essas variações e manter a estabilidade do voo.
A física do voo em alta velocidade
Em altitudes mais altas e a velocidades maiores, o comportamento do ar se torna mais complicado. O ar é mais fino e, portanto, menos eficaz em gerar a sustentação necessária. Por outro lado, a resistência do ar (arrasto) diminui um pouco, permitindo que o avião mantenha maior velocidade. Nesse ponto, a eficiência das turbinas e o design aerodinâmico das asas se tornam ainda mais cruciais para o sucesso do voo.
Desde a sustentação que mantém a aeronave no ar, passando pelo impulso das turbinas, até as forças que atuam durante a decolagem e aterrissagem, tudo é um reflexo das leis da física. Embora o voo ainda possa parecer misterioso para muitos, a física por trás da aeronavegação é bem compreendida e aplicada com precisão, permitindo que milhões de pessoas viajem pelo mundo todos os dias, confiantes de que o avião continuará voando com segurança e eficiência.