Astrônomos acabam de confirmar que um dos corpos mais distantes do Sistema Solar possui uma atmosfera singular, sem equivalente entre os demais planetas e luas conhecidos.
A descoberta foi feita a partir de análises recentes de dados coletados pelo Telescópio Espacial James Webb, revelando um comportamento atmosférico inédito que muda a forma como a ciência compreende os climas planetários.
Cientistas descobriram que planeta tem atmosfera diferente de todo Sistema Solar
O planeta em questão é Plutão, classificado como planeta anão desde 2006. Embora pequeno e localizado na região gelada do Cinturão de Kuiper, Plutão continua surpreendendo os cientistas com sua complexidade.
A última revelação veio de uma colaboração internacional entre pesquisadores norte-americanos e franceses, que analisaram observações feitas entre 2022 e 2023 pelo James Webb.
Os dados revelaram que a atmosfera de Plutão não é dominada pelos gases em si, como acontece nos outros planetas, mas sim por uma densa neblina composta por partículas em suspensão.
Essa névoa é formada por substâncias como metano, nitrogênio e monóxido de carbono. O que chamou a atenção da comunidade científica é que essas partículas, ao absorver e emitir calor, regulam a temperatura da atmosfera plutoniana.
Esse mecanismo é radicalmente diferente do que se vê, por exemplo, na Terra, em Marte ou em Júpiter, onde os próprios gases desempenham o papel principal no controle térmico.
A hipótese de que essa neblina poderia ter função ativa no resfriamento da atmosfera foi inicialmente sugerida em 2017 pelo cientista Xi Zhang, da Universidade da Califórnia. À época, a ideia foi vista com ceticismo.
No entanto, observações recentes usando o espectrômetro infravermelho do telescópio James Webb confirmaram que Plutão emite exatamente o tipo de radiação térmica previsto por Zhang — um forte indício de que a neblina é, de fato, o agente-chave na regulação da temperatura.
O que a descoberta sobre a atmosfera do planeta significa na prática?
Essa constatação tem implicações importantes. Em primeiro lugar, redefine o entendimento sobre atmosferas em corpos gelados e distantes, sugerindo que o equilíbrio térmico pode depender mais de partículas em suspensão do que da composição gasosa tradicional.
Em segundo lugar, pode oferecer pistas sobre as condições da atmosfera primitiva da Terra, que também era rica em nitrogênio e hidrocarbonetos.
A descoberta ainda lança luz sobre os processos climáticos em exoplanetas com características semelhantes, ampliando os horizontes da ciência planetária.