O câmbio automático, presente atualmente em aproximadamente 65% dos carros no Brasil, nem sempre foi uma tecnologia acessível. Considerado um item de luxo em seus primeiros anos, sua invenção envolveu contribuições internacionais, sendo marcada, especialmente, pelo trabalho dos engenheiros brasileiros José Braz Araripe e Fernando Iehly de Lemos.
Embora haja controvérsias sobre quem realmente pode ser considerado o “criador” do câmbio automático, documentos históricos indicam que as primeiras experiências ocorreram no começo do século XX. Em 1902, os irmãos Sturtevant, de Boston (EUA), desenvolveram um sistema de câmbio mecânico que funcionava apenas em altas rotações.
Presença dos brasileiros
A grande inovação ocorreu em 1925, quando o alemão Hermann Rieseler patenteou uma transmissão automática equipada com conversor de torque e sistema planetário, conceitos que influenciariam desenvolvimentos futuros. No entanto, foi em 1932 que José Braz Araripe e Fernando Iehly de Lemos registraram a patente de uma transmissão automática hidráulica, uma tecnologia que se assemelha ao modelo utilizado atualmente.
Os dois brasileiros, que haviam se mudado para os Estados Unidos na década de 1920 para trabalhar em oficinas de reparos navais, resolveram dedicar-se ao desenvolvimento de um sistema de transmissão mais eficiente e prático. Após mais de dez anos de trabalho, e mantendo contato com grandes montadoras, eles conseguiram criar uma caixa de câmbio automática que dispensava o uso do pedal de embreagem.
Patente do câmbio automático
A General Motors (GM) reconheceu o valor da invenção e, em 1940, integrou a tecnologia ao modelo Oldsmobile, lançando a famosa transmissão “Hydra-Matic”. Esse foi o primeiro carro no mundo a ser vendido com câmbio automático, disponível como um item opcional por US$ 70 — aproximadamente 10% do preço do automóvel.
Embora os detalhes sobre o pagamento a Araripe e Lemos não sejam totalmente claros, algumas fontes indicam que eles receberam US$ 10 mil pela venda da patente, uma quantia significativa para aquele período. Outras informações sugerem que os engenheiros poderiam ter recebido royalties por cada unidade de câmbio fabricada.