O tradicional queijo gorgonzola, encontrado com facilidade nas prateleiras dos supermercados brasileiros, está prestes a passar por uma transformação — mas apenas no nome.
A partir de um acordo firmado entre o Mercosul e a União Europeia, o produto fabricado no Brasil deverá adotar o nome “queijo azul”.
A mudança, que tem caráter comercial e jurídico, não altera em nada o sabor, a qualidade ou o processo de fabricação que os consumidores brasileiros já conhecem.
Brasil vai mudar o nome do queijo gorgonzola
O ajuste faz parte de uma iniciativa de proteção às indicações geográficas (IGs), mecanismo que assegura o uso exclusivo de nomes associados a regiões específicas.
Assim como só pode ser chamado de Champagne o espumante produzido na região francesa de mesmo nome, o título “gorgonzola” passará a ser restrito aos queijos originários do norte da Itália, desde que possuam o selo oficial europeu de denominação de origem.
No acordo, ficou determinado que apenas produtos reconhecidos pela União Europeia antes de 1996 poderão manter essas nomenclaturas caso não se encaixem nas novas exigências.
Como o Brasil não se enquadra nesse critério, seus fabricantes precisarão se adequar à nova regra e mudar o nome dos queijos desse tipo fabricados aqui no país para queijo azul.
A medida afeta diretamente produtores, indústrias alimentícias, comerciantes e restaurantes que utilizam o nome “gorgonzola” em suas embalagens, cardápios e produtos.
Muitos já começaram a rebatizar o queijo como “azul”, uma referência genérica à categoria de queijos maturados com fungos do tipo Penicillium.
Para os consumidores, isso pode causar algum estranhamento inicial, mas especialistas destacam que o produto continuará com as mesmas características sensoriais de sempre.
Ou seja, o “novo” queijo azul é, na prática, o mesmo queijo gorgonzola que o público já conhece.
Além do gorgonzola, queijos Canastra e Serro também serão valorizados
Apesar de provocar uma readequação na comunicação e nos rótulos, a mudança abre espaço para um cenário mais justo e equilibrado na valorização dos produtos regionais.
Pequenos produtores brasileiros, por exemplo, têm enxergado na alteração uma chance de destacar suas próprias variações de queijos azuis, com sabores e métodos únicos.
A proteção às IGs também impulsiona o reconhecimento internacional de queijos artesanais brasileiros, como o Canastra e o Serro, que já contam com denominação de origem protegida.
Assim, embora motivada por questões comerciais, a mudança pode representar uma conquista cultural para o setor de laticínios no Brasil. O nome muda, mas o sabor — e o potencial de valorização — permanece.