Segundo dados da MSCI, um dos principais provedores de índices globais para o mercado financeiro, o Brasil perdeu espaço entre os mercados emergentes ao longo dos últimos 17 anos.
No início de 2009, o país ocupava o posto de maior participação no índice MSCI Emerging Markets, com mais de 17% de representatividade. Hoje, figura na quinta posição, com apenas 4,2% de participação, atrás de China, Índia, Taiwan e Coreia do Sul.
Esse movimento sinaliza uma mudança estrutural no cenário global de investimentos, que tem privilegiado economias com maior estabilidade fiscal e crescimento sustentável. A perda do protagonismo brasileiro coincide com um período de agravamento do risco fiscal e de redução da atratividade do país frente aos investidores internacionais.
Quadro fiscal frágil limita retomada da confiança no Brasil
É importante mencionar que o atual cenário econômico brasileiro contrasta com o vivido em 2008, quando o país se descolou da crise financeira global. Naquele contexto, o superávit fiscal, a valorização das commodities e o crescimento do PIB elevaram o Brasil ao status de grau de investimento.
Com isso, o país chegou a ser considerado uma das promessas entre os emergentes, com forte entrada de capital externo e aumento das reservas cambiais.
Entretanto, desde 2012, houve uma deterioração constante do balanço público. O endividamento avançou e, segundo estimativas do PLDO 2026, a dívida pública deve atingir seu pico até 2028. Com isso, os juros elevados se tornaram necessários para rolar os compromissos financeiros, ampliando a percepção de risco por parte dos investidores.
Outro detalhe importante é o impacto do cenário fiscal sobre a Bolsa brasileira. Apesar de possuir mais de 400 empresas listadas, apenas metade apresenta liquidez relevante. Além disso, o país não registra uma nova abertura de capital desde 2021, ao passo que a Índia, por exemplo, contabilizou 360 IPOs apenas em 2024.
Impacto global e oportunidades futuras
Com as tensões entre Estados Unidos e China novamente em pauta, reacendidas por iniciativas protecionistas, os fluxos globais de capital podem passar por reconfigurações. Vale mencionar que, se houver uma desaceleração nas economias centrais e sinais de redirecionamento para os emergentes, o Brasil pode se beneficiar, especialmente com a valorização de ativos locais, hoje depreciados.
Entretanto, essa possibilidade está condicionada à estabilidade do cenário macroeconômico e à confiança dos investidores na condução fiscal do país. O crescimento do PIB, atualmente em torno de 2% ao ano, depende fortemente de estímulos e do capital externo.
A moeda fraca, a desindustrialização e a baixa produtividade comprometem o controle inflacionário e reduzem o potencial de consumo da população.