O Governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou uma medida inédita para reforçar o combate ao armamento pesado em circulação no estado, com foco no fuzil.
A partir de agora, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) receberão uma bonificação de R$ 5 mil por cada fuzil apreendido em serviço ou durante operações realizadas no período de folga remunerada.
O valor será incorporado à folha de pagamento dos agentes no mês seguinte à apreensão. Quando a operação for realizada em equipe, o bônus será rateado entre os policiais envolvidos.
Bope receberá bônus de R$ 5 mil por cada fuzil apreendido
A iniciativa faz parte de uma estratégia do governo estadual para reduzir a presença de armas de guerra nas mãos de facções criminosas.
A bonificação foi oficializada por decreto assinado pelo governador Cláudio Castro e envolve um rigoroso protocolo para garantir a transparência e a efetividade da medida.
Entre as exigências, está a elaboração de um laudo técnico do fuzil apreendido, produzido pelo Departamento Geral de Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil.
Esse documento precisa ser anexado ao boletim de ocorrência que registrou a apreensão, assegurando o cumprimento de todos os trâmites legais.
Segundo o governador, a bonificação tem duplo propósito: motivar os agentes a intensificarem o combate ao tráfico de armamentos e contribuir para a redução dos índices de letalidade policial.
Ele ressaltou que, apenas em 2024, a Polícia Militar já havia apreendido 264 fuzis, parte de um total de 732 armas do tipo retiradas de circulação em todo o ano anterior.
Cláudio Castro defende ainda mudanças na legislação nacional, com penas mais severas para o porte de fuzis, classificados como armamento de uso restrito.
Combate ao fuzil no Brasil deve envolver planejamento contra entrada da arma no país
O desafio, no entanto, vai além da repressão nas ruas. Levantamento recente da Subsecretaria de Inteligência da PM revelou que mais de 94% dos fuzis apreendidos em 2024 eram de fabricação estrangeira.
A maioria veio dos Estados Unidos, especialmente modelos da plataforma Colt, contrabandeados por rotas ilegais a partir de países como Paraguai, Bolívia e Colômbia.
As armas, muitas vezes desmontadas para facilitar a entrada no Brasil, são montadas por armeiros locais e revendidas a organizações criminosas por valores que chegam a R$ 50 mil.
Esse cenário evidencia a urgência de uma política mais ampla e articulada, que envolva também o governo federal e acordos internacionais para frear o tráfico transnacional de armamentos que abastece o crime no Rio.