Entre 2003 e 2022, um estudo divulgado na revista Science Advances apontou que mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo foram expostas, anualmente e dentro de suas casas, a níveis elevados de poluição do ar gerada por incêndios florestais e queimadas.
Essa contaminação é principalmente causada pelo material particulado fino, conhecido como PM2.5 — partículas minúsculas com diâmetro igual ou inferior a 2,5 micrômetros, capazes de penetrar profundamente no sistema respiratório e representar graves riscos à saúde.
Fumaça de queimadas
O estudo revela que grande parte da exposição à poluição gerada por queimadas ocorre dentro de ambientes fechados — justamente onde as pessoas passam a maior parte do tempo. Mesmo com portas e janelas cerradas, a fumaça penetra nos interiores, carregando partículas ultrafinas de poluição conhecidas como PM2.5.
Esse tipo de poluente, com diâmetro igual ou inferior a 2,5 micrômetros, é capaz de atingir as áreas mais profundas do sistema respiratório, agravando condições como asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), além de aumentar a suscetibilidade a infecções respiratórias.
Crianças e idosos são os mais afetados pelos efeitos nocivos do PM2.5, devido à maior sensibilidade de seus sistemas imunológicos e respiratórios. Outro fator alarmante é que essas partículas atuam como “portadoras” de outros poluentes tóxicos presentes no ar. Ao aderirem a substâncias químicas perigosas, funcionam como uma espécie de transporte que facilita a entrada de compostos prejudiciais no organismo, intensificando os riscos à saúde humana.
Monitoramento
Na América do Sul, o Brasil é um dos países mais afetados pela poluição interna das queimadas, com prejuízos que superam US$ 1,9 bilhão por ano. A chegada do período seco agrava o cenário, especialmente no Brasil, Bolívia e Paraguai, onde a ausência de chuvas por cerca de quatro meses tende a prolongar a exposição à fumaça.
Enquanto isso, nos EUA, o fechamento do Human Studies Facility, na Universidade da Carolina do Norte, alarmou especialistas. O centro era referência em estudos controlados sobre os efeitos da fumaça poluída na saúde.