Um estudo da Universidade de Sydney, publicado no JAMA Network Open, identificou que aproximadamente 85% das postagens no Instagram e no TikTok sobre exames médicos contêm informações enganosas, imprecisas ou omitem riscos, como diagnósticos excessivos e tratamentos desnecessários.
A pesquisa também destaca que as redes sociais exercem uma influência maior do que os meios de comunicação tradicionais. Os pesquisadores analisaram cerca de mil postagens de influenciadores que, juntos, somavam 200 milhões de seguidores.
Os resultados mostraram que apenas 15% dessas publicações alertavam sobre os riscos dos exames divulgados. Além disso, foi constatado que dois terços dos influenciadores recebiam incentivos financeiros para promover esses testes, o que pode levar à supervalorização de seus benefícios e à minimização de possíveis danos.
Incentivos errados
Um exemplo citado no estudo foi a popularização da ressonância magnética de corpo inteiro como um exame essencial para a detecção precoce de doenças graves. No entanto, especialistas alertam que esse tipo de teste pode resultar em diagnósticos desnecessários e levar a tratamentos evitáveis.
Além da ressonância, a pesquisa também analisou a promoção excessiva de outros exames, como:
- Multi-Cancer Early Detection (MCED): exame de sangue para detectar cânceres, sem comprovação científica suficiente;
- Teste AMH: frequentemente interpretado de forma equivocada como indicador de fertilidade, podendo gerar tratamentos desnecessários;
- Teste de microbioma intestinal: promete benefícios à saúde sem respaldo científico adequado;
- Exames de baixa testosterona: podem incentivar o uso excessivo de suplementos sem necessidade real.
Cuidados com posts de saúde
Para evitar a desinformação sobre saúde, especialistas recomendam algumas precauções. É essencial checar a fonte e verificar as credenciais de quem compartilha orientações médicas, além de analisar criticamente o conteúdo e desconfiar de informações sem embasamento científico. Também é importante recorrer a fontes confiáveis, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), para validar as informações.
Outro ponto fundamental é evitar o compartilhamento impulsivo de conteúdos duvidosos, garantindo que a informação seja verdadeira antes de repassá-la. O estudo enfatiza a necessidade de regulamentações mais rigorosas para conter a disseminação de desinformação nas redes sociais, minimizando seus impactos negativos na saúde pública.