Cientistas vêm alertando que as mudanças climáticas estão contribuindo para a maior contaminação dos alimentos por microrganismos, ameaçando a saúde de milhões de pessoas a cada ano. O agravamento do calor, das secas e das inundações acelera a deterioração dos alimentos e aumenta o risco de surtos de doenças de origem alimentar.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 600 milhões de pessoas adoecem anualmente por essa causa, resultando em 420 mil mortes, das quais 125 mil são de crianças menores de cinco anos. Pesquisas indicam que, a cada elevação de 1°C na temperatura, há um crescimento de 5% no risco de infecções provocadas por salmonela e campylobacter.
Mudanças climáticas e os alimentos
O calor intenso impulsiona a multiplicação de bactérias em alimentos perecíveis, como carnes e laticínios, enquanto a umidade elevada facilita o crescimento de patógenos em vegetais consumidos crus. Já as inundações, além de destruírem plantações, podem contaminar os cultivos com esgoto, dificultando a eliminação de microrganismos e, em casos graves, tornando a descontaminação inviável.
A irrigação com águas residuais tratadas também representa um perigo, pois até mesmo um único microrganismo pode desencadear infecções. As mudanças climáticas, além desses riscos, comprometem a produção agrícola e provocam a alta nos preços de itens essenciais como cacau, café, azeite de oliva e frutas cítricas, afetando consumidores e impactando toda a cadeia alimentar.
Cuidados e alternativas
Profissionais da saúde e especialistas defendem a adoção de novas estratégias para assegurar a segurança dos alimentos, como o fortalecimento da infraestrutura para enfrentar eventos climáticos severos, o desenvolvimento de vacinas específicas e a criação de métodos mais eficientes de descontaminação.
Paralelamente, o setor alimentício vem se reinventando com o uso de ingredientes alternativos e a ampliação das cadeias de suprimento, em busca de soluções que aliem sustentabilidade e qualidade. A capacidade de adaptação a essas transformações será fundamental para garantir a segurança alimentar e a preservação dos recursos no futuro.