Nos últimos anos, os hábitos alimentares dos mineiros passaram por mudanças notáveis, com uma redução no consumo de alimentos tradicionais, como arroz e feijão, e um crescimento na compra de produtos ultraprocessados e congelados.
Segundo os dados mais recentes da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, em 2002, a combinação de arroz e feijão representava 16,5% das aquisições alimentares per capita em Minas Gerais, o equivalente a aproximadamente 60,9 kg por pessoa por ano.
Consumo de congelados
Esse índice caiu significativamente para 10,8% (ou 28,6 kg) em 2018, representando uma redução superior a 50% nesse período. Em contrapartida, o consumo de alimentos ultraprocessados, como congelados e refeições prontas, experimentou um aumento notável. Em 2018, a aquisição per capita anual desses produtos alcançou 1,54 kg, o que significa um crescimento de 128,3% em relação a 2008.
Esse comportamento também foi observado em todo o Brasil, onde o aumento no consumo de ultraprocessados foi de 41,1% nesse mesmo intervalo. Apesar dessas mudanças nos hábitos alimentares, o IBGE destaca que a base alimentar dos mineiros ainda é composta principalmente por alimentos naturais ou menos processados, como laticínios (16,3%), cereais e leguminosas (11,6%), frutas (10,7%) e hortaliças (10,3%).
Explicação para o aumento
A especialista Thaís Caldeira, doutora e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alerta para os riscos do aumento do consumo de ultraprocessados e congelados, pois esses produtos estão ligados a diversos problemas de saúde, incluindo obesidade, hipertensão, diabetes, alguns tipos de câncer e até depressão.
Ela aponta que fatores como a falta de tempo para preparar refeições, a rotina estressante de trabalho e a forte influência da publicidade contribuem para essa mudança nos hábitos alimentares. Além disso, o alto custo de alimentos frescos, como frutas e verduras, torna a opção por ultraprocessados mais atrativa para muitas pessoas.