A confiança nas instituições continua em declínio em todo o mundo, enquanto o pessimismo sobre o futuro e vida das novas gerações atinge patamares inéditos, conforme aponta o Edelman Trust Barometer 2025. Conduzido pelo Edelman Trust Institute, o estudo ouviu 33 mil pessoas em 28 países e revelou que 56% dos entrevistados acreditam que seus filhos terão uma vida pior do que a deles, o pior resultado já registrado.
Fatores como crescimento da desigualdade social, polarização política e instabilidade econômica têm alimentado essa percepção negativa. Nos países desenvolvidos, a confiança em um futuro melhor é particularmente baixa, com Estados Unidos (41%), França (34%) e Japão (30%) entre os mais pessimistas. Em contraste, economias emergentes como Índia (74%) e China (72%) demonstram maior otimismo na qualidade da vida futura.
Cenário no Brasil
- Pessimismo com o futuro: Apenas 55% dos brasileiros acreditam que seus filhos terão uma vida melhor, refletindo uma tendência negativa. Os principais fatores são: baixo crescimento econômico, dificuldades na geração de empregos, aumento da desigualdade social e crise na educação.
- Desconfiança nas instituições: Empresas (60%) e ONGs (54%) são as mais confiáveis, enquanto governo (44%) e mídia (42%) enfrentam baixa credibilidade. 56% não confiam na administração pública, e 58% veem a mídia como parcial, priorizando interesses políticos e financeiros.
- Insegurança no trabalho: 67% dos brasileiros temem perder o emprego devido à automação e crises econômicas, e 59% não se sentem preparados para as novas exigências do mercado. No cenário global, 62% dos trabalhadores também compartilham essa preocupação.
- Desigualdade e confiança: A crise de confiança é maior entre pessoas de baixa renda, que demonstram 12 pontos a menos de confiança em comparação aos mais ricos.
Reação a qualidade da vida
A crescente desconfiança nas instituições tem alimentado a radicalização do ativismo. Segundo a pesquisa, 40% dos entrevistados aprovam medidas extremas, como ataques online e disseminação de desinformação, para pressionar mudanças políticas e sociais.
Esse percentual é ainda maior entre os jovens de 18 a 34 anos, atingindo 53%, o que reflete um aumento do descontentamento com o sistema. Além disso, 70% da população acredita que governos e empresas intencionalmente enganam o público.
Para reconstruir a confiança, o estudo aponta três estratégias fundamentais: reduzir a desigualdade social, ampliando o acesso a oportunidades; reforçar a transparência e o compromisso ético de governos, empresas e mídia; e promover maior cooperação entre setores para fortalecer a credibilidade das instituições.