Em março de 2020, para conter a propagação da covid-19, governos implementaram lockdowns seguindo diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entretanto, alguns países adotaram estratégias alternativas, levantando debates sobre a real eficácia do confinamento total. Pesquisas sugerem que certas medidas tiveram maior impacto na redução da transmissão do vírus.
Um estudo de 2021 publicado na revista Science, que analisou dados de 41 países, concluiu que restrições a grandes aglomerações e o fechamento de escolas foram mais eficazes, reduzindo a disseminação da covid-19 em mais de 35%. Em comparação, ordens rígidas para que a população permanecesse em casa tiveram um efeito mais modesto, diminuindo a transmissão em menos de 17,5%.
Países sem lockdown
- Suécia: Não impôs lockdown rigoroso, apostando em medidas voluntárias de distanciamento social. Segundo um estudo liderado por Ingeborg Forthun, do Instituto Norueguês de Saúde Pública, a Suécia teve alta mortalidade no início da pandemia, mas, nos anos seguintes, os países vizinhos que adotaram lockdowns registraram aumento nas mortes em excesso.
- Taiwan: Evitou lockdowns e apostou em testagem em massa, rastreamento rigoroso de contatos e monitoramento digital, estratégia que também foi replicada na Coreia do Sul.
- Tanzânia: Minimizou a crise, recusando restrições e vacinas. De acordo com Fadhili Mtani, professor da Universidade Muçulmana de Morogoro, a abordagem do governo foi “não científica”. Estimativas indicam que o número real de mortes foi muito superior aos dados oficiais.
Estratégias de pandemia
Adam Kucharski, epidemiologista da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, descreve o confinamento como uma ferramenta “contundente”, usada principalmente devido à falta de alternativas no início da pandemia.
No entanto, à medida que mais dados foram coletados, ficou evidente que algumas estratégias, como rastreamento rigoroso de contatos e restrições direcionadas, poderiam ser igualmente eficazes sem os mesmos impactos negativos.
Para futuras pandemias, especialistas ouvidos pela BBC ressaltam a importância de um planejamento prévio que combine medidas sanitárias eficientes, comunicação clara com a população e estratégias que minimizem os danos sociais e econômicos, garantindo maior adesão pública.