A pós-graduação no Brasil passa por mudanças para reduzir desigualdades regionais, tornar os programas mais ágeis e atrativos e reverter a queda no número de alunos. Em São Paulo, universidades e a Fapesp atuam nesse sentido, enquanto, nacionalmente, a Capes desenvolve desde 2022 o novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG).
A crise e as transformações na pós-graduação foram tema do seminário “As transformações esperadas na pós-graduação brasileira”, realizado na Reitoria da USP. No evento, Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp, ressaltou a urgência de reformular o sistema, apontando que a idade média de conclusão do doutorado no Brasil, 38 anos, é significativamente maior que a europeia.
Queda na pós-graduação
Entre 2019 e 2022, a quantidade de novos alunos em mestrados e doutorados caiu 12%, chegando ao nível mais baixo em quase uma década. O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, destacou a redução do interesse dos jovens pela pós-graduação e defendeu um modelo que evidencie seus benefícios para a carreira, ampliando suas possibilidades além da docência.
Rodrigo Calado, pró-reitor de Pós-Graduação da USP, apontou que o desinteresse pela pós-graduação está ligado às dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Como solução, sugeriu uma nova estrutura curricular, na qual o primeiro ano seria voltado à formação interdisciplinar e à elaboração de projetos. Após essa fase, os alunos passariam por um exame de qualificação e poderiam escolher entre finalizar o mestrado ou seguir direto para o doutorado, com prazos mais claros.
Planos de revitalização
Zago defendeu incentivos como bolsas e direitos previdenciários para atrair jovens à academia, além de reforçar a necessidade de estímulo ao pensamento científico e melhor acompanhamento dos alunos. Já Ésper Cavalheiro criticou o foco excessivo na defesa de teses, que transforma pós-graduandos em executores de tarefas, em vez de cientistas inovadores.
O evento também ressaltou a importância de aproximar a pós-graduação da sociedade e da indústria, com Luiz Roberto Liza Curi alertando que a estagnação industrial compromete a modernização e a geração de empregos, exigindo um ensino mais dinâmico.