A Bombril solicitou recuperação judicial nesta segunda-feira, 10, na 1ª Vara Regional Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem. Famosa por suas esponjas de aço e produtos de limpeza, a empresa pretende reestruturar suas dívidas e impedir a falência.
A empresa acumula passivos tributários de R$ 2,3 bilhões, decorrentes de autuações fiscais de longa data. Além disso, lida com obrigações financeiras de vencimento antecipado que podem alcançar R$ 220 milhões, tendo entre seus principais credores instituições como Banco ABC Brasil, C6 Bank, Banco Daycoval e Tribanco.
Histórico da Bombril
O pedido de recuperação judicial da Bombril resulta de um longo histórico de dificuldades financeiras.
- A crise da Bombril começou nos anos 1990, quando foi vendida ao grupo italiano Cragnotti & Partners, que adotou práticas financeiras arriscadas.
- Essas operações resultaram em autuações bilionárias pela Receita Federal, comprometendo suas finanças.
- Em 2002, o grupo italiano deixou de cumprir compromissos, levando a uma intervenção judicial.
- A família Ferreira reassumiu o controle em 2006, mas as dívidas herdadas dificultaram a recuperação.
- Sem acesso a crédito de longo prazo, a empresa recorreu a empréstimos com juros elevados.
- Em 2023, pagava 24% ao ano em juros, com 77% da dívida vencendo em menos de 12 meses.
- A reclassificação de uma dívida tributária bilionária como “perda provável” aumentou a desconfiança do mercado.
- Credores anteciparam vencimentos, gerando risco de cobranças imediatas acima de R$ 220 milhões.
Impactos nas operações
As dificuldades financeiras afetaram diretamente as operações da Bombril, resultando na perda de espaço em segmentos-chave, como lã de aço, desinfetantes e amaciantes. Sem recursos para investir em marketing e inovação, a empresa enfrentou desafios para competir com os concorrentes.
A penhora de ativos essenciais, incluindo fábricas, limitou ainda mais as possibilidades de financiamento e crescimento da Bombril. Para enfrentar a crise, a empresa teve que renegociar prazos com fornecedores, cortar investimentos e lidar com a exigência de pagamentos à vista, agravando a pressão sobre seu fluxo de caixa.
O cenário desencadeou uma série de execuções de dívidas, ameaçando a liquidação dos ativos da empresa. Com crédito cada vez mais restrito e sem garantias disponíveis, a Bombril ficou sem opções para sustentar suas operações, tornando a recuperação judicial sua única saída.