Azul deixa de operar algumas rotas nacionais no Brasil

Em meio a um processo de reestruturação financeira e recuperação judicial internacional, a Azul Linhas Aéreas anunciou a descontinuação de 51 rotas domésticas e a retirada definitiva de 16 cidades brasileiras de sua malha aérea.

A decisão marca uma mudança significativa na atuação da empresa no mercado interno, mesmo enquanto amplia sua presença no exterior com três novas rotas internacionais e planos para outras duas conexões com os Estados Unidos.

Azul deixa de operar algumas rotas nacionais no Brasil

Segundo a companhia, o corte nas operações domésticas foi motivado por necessidades de sustentabilidade operacional e ajustes estratégicos. A Azul afirma que está focada em manter apenas rotas com maior viabilidade financeira, considerando o cenário desafiador da aviação comercial nos últimos anos.

Ainda de acordo com a empresa, os voos internos descontinuados passaram por revisões criteriosas, com base em desempenho financeiro, demanda e custos operacionais.

A aérea reforçou que decisões desse tipo são tomadas para garantir a saúde financeira da malha e que segue comprometida com o desenvolvimento estratégico de sua rede internacional.

Além de cancelar voos entre aeroportos importantes de diferentes regiões, a Azul encerrou definitivamente suas operações em cidades como Barreirinhas (MA), Campos dos Goytacazes (RJ), Correia Pinto (SC) e Mossoró (RN).

A saída dessas localidades, segundo a empresa, decorre da baixa rentabilidade das rotas e da concentração de esforços em mercados com maior retorno econômico.

Rotas Encerradas e Cidades Abandonadas pela Azul

A seguir, a tabela com todas as rotas nacionais encerradas e as cidades abandonadas pela Azul:

Azul abriu novas rotas internacionais, apesar de cancelar rotas nacionais

Apesar do enxugamento da malha nacional, a Azul iniciou voos internacionais inéditos. Entre as novas conexões está o trecho entre o Aeroporto dos Guararapes, em Recife (PE), e a cidade de Porto, em Portugal, além de uma nova ligação da capital pernambucana com Madrid, na Espanha.

A empresa também passou a operar voos diretos de Campinas (SP) para Porto. E a partir de julho, pretende estrear rotas entre Belo Horizonte (MG) e duas cidades norte-americanas: Orlando e Fort Lauderdale.

Esses movimentos fazem parte da estratégia da companhia de reforçar sua atuação no mercado internacional, onde vê maior potencial de receita em meio ao atual cenário macroeconômico.

Ao mesmo tempo, o governo federal, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos, afirma que estimulou a expansão internacional da companhia, mas sem exigir contrapartidas para manter voos regionais.

A pasta esclarece que as aeronaves utilizadas nos voos internacionais não são as mesmas que operam nas rotas domésticas, e que decisões estratégicas são responsabilidade exclusiva das empresas.

Azul abre processo de recuperação judicial

Em paralelo às mudanças operacionais, a Azul deu início a um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o chamado Chapter 11. O objetivo é reestruturar cerca de US$ 2 bilhões em dívidas, com previsão de eliminar passivos significativos e tornar a operação mais enxuta e sustentável.

A empresa informou que o processo é voluntário e que seguirá funcionando normalmente, com voos, reservas e atendimento ao público mantidos.

O governo brasileiro declarou que acompanha o caso com atenção e confiança. Em nota, o Ministério afirmou que acredita na recuperação da Azul e destaca a importância do setor aéreo para o desenvolvimento econômico e turístico do país.

A experiência recente com outras companhias, como Gol e Latam, que também recorreram ao mesmo mecanismo nos EUA, é vista como precedente positivo para a reestruturação da Azul. A Gol, inclusive, teve seu plano aprovado e deve encerrar a recuperação judicial ainda em junho.