No candomblé, cada dia da semana é dedicado a um Orixá, e a sexta-feira é consagrada a Oxalá, o criador e pai de todos os Orixás. Oxalá é reverenciado como o arquétipo da pureza, ética e serenidade, qualidades que são simbolizadas pela cor branca. Usar roupas dessa cor neste dia é uma forma de demonstrar respeito e conexão com o Orixá maior, além de atrair boas energias e proteção espiritual.
A cor branca, além de ser a cor de Oxalá, possui um significado profundo dentro do candomblé e da espiritualidade em geral. Representa:
- Paz: Um estado de harmonia interior e exterior.
- Pureza: A busca pela elevação espiritual e moral.
- Ancestralidade: Uma ligação direta com os antepassados e com a origem dos seres vivos.
Usar branco às sextas-feiras, portanto, é mais do que um gesto simbólico; é um ato de fé e pertencimento à tradição, além de um convite à reflexão sobre ética e pureza em nossas ações.
Tradição de usar branco nos terreiros
Nos terreiros de candomblé, vestir-se de branco às sextas-feiras é um hábito que vai além da vestimenta. Trata-se de um momento de introspecção, agradecimento e conexão com Oxalá. Essa prática resguarda os filhos dos Orixás contra energias negativas e promove equilíbrio espiritual.
Além disso, a sexta-feira é vista como um dia para renovar votos de fé e pedir bênçãos para enfrentar os desafios da semana que se inicia. Esse costume ultrapassou as barreiras religiosas e tornou-se parte da cultura brasileira, especialmente nas celebrações de Ano Novo, quando o branco é usado como símbolo de renovação e esperança.
Força do branco na Bahia
Na Bahia, o uso do branco nas sextas-feiras ganha ainda mais significado devido ao sincretismo religioso. Oxalá é associado a Nosso Senhor do Bonfim, uma figura central do catolicismo popular na região. Essa conexão fortaleceu a prática de vestir branco, especialmente durante as celebrações e romarias em homenagem ao santo.
Além disso, o hábito remonta à presença dos africanos islamizados na Bahia. Os muçulmanos costumavam vestir branco às sextas-feiras para louvar Alá, o criador do universo. Essa sobreposição de tradições reforça a riqueza cultural e religiosa que compõe a identidade baiana.
Seja para honrar Oxalá, seja para celebrar a paz e a pureza, vestir branco nesse dia é uma prática que une espiritualidade, cultura e história no Brasil.