Há mais de 40 anos, um pequeno vale no interior da Noruega chama a atenção de curiosos, cientistas e apaixonados por mistérios. Localizado a cerca de 361 quilômetros de Oslo, o Vale de Hessdalen é conhecido mundialmente pelas misteriosas luzes que aparecem no céu, sem uma explicação clara até hoje.
Registros históricos indicam que esses fenômenos já eram observados desde 1811, segundo artigo publicado no Journal of Applied Geophysics em julho de 2024, mas somente a partir de 1984 começaram os estudos científicos formais. Luzes semelhantes também foram registradas em regiões como Texas, Finlândia e Austrália.
Enigma luminoso
Desde 1983, o Projeto Hessdalen tem realizado estudos multidisciplinares para acompanhar e compreender o fenômeno das luzes, inicialmente com o suporte de instituições como o Exército norueguês, e atualmente organizado como uma entidade sem fins lucrativos.
Apesar de décadas de investigação, o enigma das luzes de Hessdalen continua a fascinar pesquisadores, especialistas e visitantes que buscam desvendar um dos mistérios mais marcantes da Noruega. A primeira investigação científica detalhada foi conduzida em 2004 pelo físico Massimo Teodorani.
Nos últimos dez anos, a Østfold University College capturou cerca de 600 mil fotografias das luzes, contribuindo para a análise das suas cores, formatos e tempo de duração. Normalmente, as luzes aparecem em tom branco, embora sejam ocasionalmente vistas em vermelho, podendo durar desde alguns segundos até uma hora, e surgem tanto próximas ao solo quanto no horizonte.

Teorias
Investigar a origem dessas manifestações enfrenta desafios tanto logísticos quanto ambientais. A área é isolada, com baixa densidade populacional, e sujeita a condições climáticas severas, incluindo temperaturas que podem cair abaixo de -30 °C e ventos de até 190 km/h, dificultando a instalação e o funcionamento dos aparelhos científicos.
A geologia local é complexa, composta por rochas como gabro, anfibolito e xistos micáceos que contêm grafite e sulfetos — minerais capazes de conduzir eletricidade. Isso sugere que descargas elétricas transitórias possam emergir da crosta terrestre, produzindo as luzes observadas.
Outra hipótese relacionava o fenômeno a atividade sísmica e à liberação de cargas elétricas, porém, a escassa movimentação tectônica na região torna essa explicação menos provável.