Nos últimos anos, a creatina passou de suplemento técnico a queridinha das redes sociais e prateleiras de farmácia. De influenciadores fitness a idosos em busca de vitalidade, cada vez mais brasileiros adotam o hábito de consumi-la diariamente.
Impulsionada por promessas de mais força, melhor desempenho e até benefícios para o cérebro, a creatina virou um símbolo da cultura do autocuidado e da performance.
Mas será que ela entrega tudo isso para qualquer pessoa? A resposta não é tão simples — e depende, principalmente, do motivo pelo qual ela é consumida.
Creatina funciona para todo mundo? Entenda
A creatina é uma substância naturalmente produzida pelo corpo a partir de três aminoácidos: arginina, glicina e metionina. Cerca de um grama é fabricado diariamente por órgãos como fígado, rins e pâncreas.
Além disso, ela está presente em alimentos de origem animal, especialmente carnes. Sua função central é atuar como uma reserva de energia rápida para os músculos.
Durante atividades físicas intensas e de curta duração, como levantamento de peso ou sprints, a creatina contribui para a regeneração do ATP — a principal molécula de energia das células.
É justamente aí que está seu maior trunfo: em exercícios explosivos, a suplementação pode oferecer um ganho real de desempenho e força, especialmente entre atletas e pessoas que treinam com frequência e intensidade.
Ou seja, para aqueles que tomam o suplemento com estes objetivos, ela realmente funciona.
Uso de creatina para outros fins não oferece resultados
Porém, a creatina não é um milagre universal. Seu uso indiscriminado cresceu com base em promessas sem fundamento científico.
Popularmente associada à melhora da memória, prevenção do Alzheimer, controle da glicemia e até tratamento do autismo, a substância ainda não demonstrou resultados sólidos nessas áreas.
Estudos até apontam uma plausibilidade biológica para alguns desses efeitos, mas, na prática, os dados são frágeis e inconclusivos.
Da mesma forma, não há qualquer evidência de que a creatina ajude no emagrecimento ou seja indicada para crianças saudáveis.
Isso significa que, fora do contexto de treinos intensos e objetivos esportivos bem definidos, a creatina pode oferecer pouco ou nenhum benefício real.
Para quem não pratica atividade física de forma regular ou espera soluções mágicas em cápsulas, o suplemento não vai entregar resultados.
A decisão de usá-la deve ser orientada por um profissional de saúde, com base em objetivos claros e realistas. Afinal, nem toda moda carrega a ciência por trás.