Pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos identificaram que a urina pode servir como um marcador eficaz para detectar o consumo de alimentos ultraprocessados. A descoberta representa um avanço significativo na forma de monitorar esse tipo de alimentação, especialmente porque os métodos mais comuns — como questionários e relatos pessoais — muitas vezes esbarram em falhas de memória ou na dificuldade de classificar corretamente os alimentos. O estudo foi publicado na PLOS Medicine.
Os alimentos ultraprocessados passam por um intenso processamento industrial e contêm aditivos como corantes, aromatizantes, conservantes e realçadores de sabor. Exemplos comuns incluem embutidos, enlatados, refrigerantes e diversos produtos prontos para o consumo. Globalmente, estima-se que uma em cada cinco mortes esteja associada à má alimentação, e o papel dos ultraprocessados nesse cenário tem sido cada vez mais discutido.
Análise da urina para identificar ultraprocessados
O estudo foi dividido em duas etapas. Na primeira, os cientistas analisaram 700 amostras de urina de voluntários, comparando os dados biológicos com registros alimentares coletados ao longo de um ano. A partir disso, conseguiram identificar diversos compostos que funcionam como marcadores característicos do consumo elevado de ultraprocessados — uma espécie de “impressão digital” desses produtos no organismo.
Na segunda etapa, os pesquisadores acompanharam 20 adultos que permaneceram internados por um mês. Durante esse período, os participantes seguiram dietas alternadas compostas por alimentos ultraprocessados e não processados, com valores calóricos equivalentes. A análise das amostras mostrou que os marcadores identificados anteriormente permitiam detectar, com precisão, quando os voluntários estavam ingerindo mais ultraprocessados.
Essa nova metodologia abre caminho para que pesquisas futuras estabeleçam com maior exatidão a relação entre o consumo de ultraprocessados e o surgimento de doenças crônicas, como obesidade, diabetes tipo 2 e câncer. A expectativa é que, em breve, exames laboratoriais sejam capazes de identificar hábitos alimentares prejudiciais de forma mais segura e precisa, contribuindo para diagnósticos mais eficazes e intervenções preventivas.