A discussão sobre a redução da carga horária semanal da escala de trabalho vem ganhando força ao redor do mundo.
Em países como Reino Unido, Nova Zelândia e Islândia, esse tema já saiu da teoria e passou a ser experimentado na prática, provocando debates sobre os impactos no bem-estar dos trabalhadores e nos resultados das empresas.
No Brasil, essa possibilidade também está em pauta, com propostas tramitando no Congresso Nacional.
Agora, uma pesquisa recém-divulgada coloca ainda mais lenha nessa fogueira ao apontar que a adoção do modelo de trabalho 4×3 – quatro dias de trabalho e três de descanso – pode ser altamente benéfica para todos os envolvidos.
Aprovação de escala de trabalho 4×3 deixa todos em festa
O estudo sobre a redução na escala de trabalho foi conduzido no Reino Unido entre junho e dezembro de 2022, e envolveu 61 empresas de diferentes setores e portes, somando quase 3 mil funcionários.
Durante dois meses antes do início do experimento, as empresas participantes passaram por treinamentos, workshops e mentorias para adaptar suas rotinas ao novo formato, que previa a manutenção integral dos salários e uma redução significativa na carga horária semanal.
Importante destacar que não houve um modelo único: cada organização teve liberdade para ajustar a jornada conforme suas necessidades internas, com algumas optando por folgas fixas às sextas-feiras e outras adotando esquemas mais flexíveis.
Os dados levantados impressionaram. Ao final do período de testes, 92% das empresas decidiram continuar com a nova escala de trabalho e 18% a tornaram permanente.
Entre os funcionários, foram registradas quedas expressivas nos níveis de estresse e burnout, além de melhorias significativas na saúde física e mental.
O número de pedidos de demissão caiu pela metade, e a receita média das empresas se manteve estável, com aumento de 1,4%.
Além disso, os trabalhadores relataram maior facilidade para equilibrar vida profissional e pessoal, especialmente no cuidado com familiares e nas relações sociais.
Estudo sobre escala de trabalho pode ser argumento para mudança no Brasil
Esse experimento britânico ressoa diretamente com as discussões que ocorrem no Brasil. Recentemente, a deputada Erika Hilton apresentou uma proposta de emenda à Constituição sugerindo a flexibilização da jornada de trabalho.
A proposta ainda será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas os resultados internacionais já alimentam o debate.
Com dados concretos sobre produtividade e qualidade de vida, a experiência do Reino Unido surge como um argumento sólido para os defensores da mudança.
Para muitos, a adoção da escala de trabalho 4×3 não é apenas uma pauta moderna — é uma resposta às novas exigências do mundo do trabalho.