Movida pela conquista da filha e por um sonho antigo que jamais abandonou, Débora Regina Machado decidiu, aos 48 anos, dar uma guinada em sua trajetória profissional: vai prestar vestibular para medicina.
Professora universitária e pesquisadora, Débora viu na recente aprovação de sua filha Beatriz em primeiro lugar na residência médica da USP o impulso final que precisava para retomar um desejo adormecido desde a juventude.
Mãe cursa medicina após filha passar em 1º lugar em residência na USP
“Nunca me intimidei pela idade. O tempo não é um obstáculo quando a vontade é verdadeira”, afirma. Enquanto concilia o trabalho com a preparação intensa para o vestibular de medicina, ela se torna exemplo de determinação para quem acredita que nunca é tarde para recomeçar.
A história de Débora começa em Campinas (SP), onde, ainda jovem, optou por estudar ciências biológicas após concluir o ensino médio em escolas públicas.
Apesar de sonhar com a medicina, achava improvável ser aprovada sem uma formação escolar de alto nível. Em 1995, ingressou na Unicamp e, pouco tempo depois, enfrentou a gravidez no início da graduação.
Aos 20 anos, tornou-se mãe de Beatriz e, com o apoio da família, não apenas concluiu o curso no tempo previsto como também se destacou academicamente.
Nas décadas seguintes, construiu uma carreira sólida na educação superior, concluindo mestrado e doutorado com foco em biomateriais usados na medicina.
Atuou como professora, coordenadora de graduação e pesquisadora, sempre se mantendo próxima do universo médico, mesmo que indiretamente.
Durante esse tempo, ministrou aulas particulares para estudantes da área da saúde e desenvolveu pesquisas ligadas a tecnologias médicas, mas nunca deixou de pensar no antigo desejo de vestir o jaleco como médica.
Débora decide cursar medicina ao ver sucesso da filha
A virada veio com o sucesso da filha. Beatriz trilhou um caminho admirável: após entrar na USP com apenas um ano de cursinho, formou-se em medicina e conquistou o primeiro lugar na residência de medicina intensiva do Hospital das Clínicas.
O feito reacendeu em Débora a certeza de que ainda era possível perseguir o próprio sonho. Hoje, ela estuda no mesmo cursinho onde a filha se preparou e dedica os fins de semana aos livros e às redações exigidas pelas provas de universidades públicas.
“Eu formei minha filha. Agora, chegou a minha vez de realizar aquilo que sempre quis. A idade não me limita; ela me fortalece”, diz Débora, confiante de que, em breve, dividirá com a filha não apenas o orgulho, mas também os corredores de um hospital.