As baterias de íons de lítio se tornaram um dos pilares da indústria tecnológica moderna. Presentes em praticamente todos os dispositivos eletrônicos — de smartphones e tablets a carros elétricos e notebooks — elas alimentam o funcionamento do mundo conectado em que vivemos.
Com a alta demanda por esses produtos, o lítio se transformou em um recurso estratégico, impulsionando uma corrida global por reservas e incentivando a mineração em larga escala.
No entanto, essa dependência de um recurso limitado e de extração ambientalmente agressiva está sendo desafiada por uma inovação surpreendente que vem da China.
China está deixando o lítio de lado e fazendo baterias com bactérias
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia Avançada de Shenzhen estão desenvolvendo uma bateria que abandona completamente o uso de metais raros e aposta em organismos vivos para gerar energia.
Trata-se de uma biobateria construída com micro-organismos eletroativos, capazes de produzir eletricidade a partir de suas próprias reações metabólicas.
A base dessa nova tecnologia são bactérias da espécie Shewanella oneidensis MR-1, mantidas em um gel especial de alginato que serve como meio condutor e estrutura da célula de energia.
A inovação está no fato de que esses sistemas biológicos não apenas geram eletricidade, mas o fazem de forma autossustentável, sem necessidade de recarga externa frequente.
Os cientistas imprimiram em 3D uma estrutura com apenas dois centímetros de diâmetro e pouco mais de três milímetros de altura, onde diferentes camadas — contendo as bactérias e compostos químicos — atuam como ânodo e cátodo, separados por uma membrana que permite a troca iônica.
Baterias com bactérias oferecem várias vantagens
Embora as biobaterias ainda apresentem desempenho energético modesto em comparação às suas equivalentes de lítio — com densidade de energia significativamente inferior —, elas se destacam por outras qualidades:
- são ambientalmente seguras;
- não dependem de materiais tóxicos;
- e sua biocompatibilidade as torna ideais para aplicações médicas.
Já se vislumbra o uso em dispositivos que monitoram funções corporais, aplicam estímulos terapêuticos ou operam dentro do corpo humano, tudo sem a necessidade de substituição ou recarga frequente.
Essa tecnologia ainda está em estágio inicial, mas representa uma aposta ousada para o futuro da energia portátil.
Se continuar evoluindo, pode transformar setores como a saúde e a robótica biomédica — e talvez até reescrever o papel do lítio na indústria.