Um escândalo envolvendo descontos não autorizados nas aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) veio à tona no final de abril, após investigações conduzidas pela Polícia Federal em conjunto com a Advocacia-Geral da União (AGU).
A operação revelou um esquema de fraudes que, segundo estimativas oficiais, desviou cerca de R$ 6,3 bilhões dos benefícios de milhões de segurados ao longo dos últimos anos.
A gravidade do caso mobilizou o governo federal, que agora trabalha na elaboração de um plano para restituir os valores retirados de forma indevida.
No entanto, enquanto o ressarcimento não é oficialmente iniciado, muitos aposentados e pensionistas ainda estão tentando entender se foram diretamente afetados por esses descontos irregulares.
Descubra se sofreu com desconto irregular do INSS
Para saber se houve algum abatimento suspeito em seu benefício, o primeiro passo é acessar a plataforma Meu INSS, disponível tanto pelo site quanto por aplicativo para celular.
O login pode ser feito com CPF e senha cadastrados no sistema Gov.br. Após a entrada, o usuário deve buscar a opção “Consultar Benefício” e, em seguida, acessar o “Extrato de Pagamento”.
Essa seção mostra os detalhes dos pagamentos recebidos, inclusive eventuais descontos. Embora o sistema mostre por padrão apenas os dois últimos meses, é possível selecionar períodos anteriores para uma análise mais ampla.
Dentro do extrato, qualquer valor descontado aparecerá discriminado com a identificação da entidade que o recebeu. Caso o aposentado não reconheça a entidade ou não tenha autorizado a cobrança, é possível que tenha sido vítima da fraude.
Governo garante a devolução dos valores para beneficiários do INSS
Diante da repercussão nacional do caso, o Palácio do Planalto determinou a criação urgente de um plano de ressarcimento. Segundo a AGU, a proposta está em fase final de elaboração e deve ser encaminhada ainda nesta semana à Casa Civil para avaliação.
A Dataprev, estatal que gerencia os sistemas de informação da Previdência Social, também está envolvida na construção da medida. A expectativa é que o projeto contemple não apenas a devolução dos valores, mas também mecanismos para evitar novas fraudes.
Órgãos como o Ministério Público Federal e o Conselho Nacional de Justiça devem acompanhar a execução da proposta, garantindo transparência e agilidade no processo.
Como funcionava o esquema de descontos indevidos do INSS
As investigações apontaram que o golpe começou ainda em 2016, durante o governo Michel Temer (MDB), mas ganhou proporções maiores a partir de 2019, ao longo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O método utilizado era simples: associações e sindicatos registravam, sem consentimento, a filiação de aposentados e pensionistas ao quadro de associados, e a partir daí, iniciavam a cobrança de mensalidades diretamente no benefício do INSS.
Muitas dessas entidades eram de fachada, criadas exclusivamente para aplicar o golpe. Assinaturas falsas e uso indevido de dados pessoais foram algumas das práticas identificadas pelas autoridades. Estima-se que mais de quatro milhões de segurados possam ter sido afetados.
Como resposta, o governo suspendeu os repasses automáticos a essas entidades e bloqueou novos descontos associativos. As consequências políticas também foram imediatas: o então presidente do INSS e o ministro do Trabalho foram retirados de seus cargos.
Agora, com o plano de ressarcimento prestes a ser apresentado, o governo promete priorizar a devolução dos valores sem comprometer o equilíbrio fiscal — e reforça que beneficiários devem ficar atentos a possíveis golpes de falsos intermediários oferecendo ajuda.