A sede da ONU, em Nova York, pode até parecer imponente por fora, mas por dentro já dá sinais claros de aperto: escadas rolantes quebradas, cortes em serviços e um clima de urgência crescente. O motivo? A organização está ficando sem dinheiro.
Nesta semana, os países-membros serão oficialmente informados de um corte de US$ 600 milhões no orçamento anual da ONU, que é de US$ 3,7 bilhões. O congelamento de contratações e a possível transferência de postos de trabalho de Nova York para cidades mais baratas, como Nairóbi, fazem parte do plano de emergência. Ainda assim, não há garantia de que isso vá evitar o pior.
Déficit pode passar de um bilhão de dólares
No ano passado, mesmo com gastos abaixo do previsto, a ONU terminou com um buraco de US$ 200 milhões no caixa. Para 2024, as projeções são ainda mais alarmantes: sem cortes, o déficit pode ultrapassar US$ 1,1 bilhão até dezembro, o que deixaria a organização sem recursos para pagar salários e fornecedores já a partir de setembro.
Boa parte da crise vem do atraso, ou da total ausência, de pagamentos por parte de países-membros. O sistema atual exige que as contribuições sejam feitas no início do ano, mas muitos governos não cumprem o prazo. E quando potências como os Estados Unidos ameaçam cortar suas contribuições obrigatórias, o impacto é devastador.
Funções básicas da ONU estão ameaçadas
O orçamento obrigatório da ONU sustenta suas atividades mais centrais: reuniões da Assembleia Geral, missões de paz e fiscalização de direitos humanos. Sem ele, essas funções param. Um alerta do próprio secretário-geral, António Guterres, aponta que os fundos destinados à manutenção da paz podem acabar ainda no meio do ano.
A crise financeira não é apenas um desafio administrativo. Ela compromete diretamente a capacidade da ONU de operar em um mundo que enfrenta guerras, crises climáticas, pobreza e violações de direitos. E se a organização parar, todos sentem os efeitos, até mesmo aqueles que raramente pensam sobre o que acontece dentro de suas paredes.