A Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público Federal, revelou novos detalhes sobre a Operação Última Ratio, que apura um suposto esquema de corrupção e venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS).
Documentos obtidos pela investigação mostram que a advogada Renata Pimentel, filha do desembargador afastado Sideni Pimentel, tentou realizar o pagamento em espécie de um boleto no valor de R$ 213 mil em uma agência do Banco Bradesco, mas foi impedida pela gerente da instituição.
A transação, ocorrida em 2023, levantou suspeitas da PF por ocorrer em meio às investigações sobre o uso de dinheiro em espécie supostamente oriundo da venda de sentenças judiciais.
Vale mencionar que a tentativa de pagamento, que envolvia a quitação de um financiamento, foi negada pela gerente do banco, que alertou que boletos em espécie só poderiam ser pagos até o limite de R$ 10 mil, conforme regras internas e de compliance do setor bancário.
A conversa, obtida por meio do celular apreendido de Renata, integra o conjunto de provas enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o caso está sob relatoria do ministro Cristiano Zanin.
Pagamento em espécie expõe suspeitas de lavagem de dinheiro
É importante mencionar que, diante da negativa do banco, Renata buscou orientação do contador da família, que sugeriu lançar o valor como “empréstimo do sócio para a empresa”, o que, segundo análise da PF, pode configurar manobra para encobrir a origem ilícita do dinheiro.
Vale mencionar que os diálogos também revelam a preocupação da advogada em justificar o montante com a rubrica “honorários”, abrindo espaço para o uso de escritórios de advocacia como canais de lavagem de dinheiro.
Dessa forma, o episódio reforça as suspeitas da Polícia Federal sobre o envolvimento da família Pimentel em transações financeiras irregulares, com o uso de recursos em espécie possivelmente obtidos a partir de decisões judiciais negociadas nos bastidores do TJMS.
Caminhonete, fazenda e contratos sob suspeita
Outro detalhe importante é que Renata Pimentel também está ligada à compra de uma caminhonete S-10 para o pai, em abril de 2022, no valor de R\$ 250 mil. Parte do pagamento foi feito em dinheiro vivo.
O caso se soma à atuação da advogada na liberação da Fazenda Santo Antônio, em Corumbá (MS), avaliada em R$ 20 milhões. Embora não fosse parte no processo, Renata teria intermediado a liberação judicial do imóvel e recebido pelo menos R$ 920 mil como “assessoria jurídica”.
Com isso, a PF sustenta que há fortes indícios de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude fiscal. As apurações seguem em andamento e podem ampliar o cerco sobre magistrados e advogados ligados ao suposto esquema de venda de decisões no Mato Grosso do Sul.