O mercado de televisores no Brasil sempre foi extremamente aquecido, com diversas marcas dominando a cena durante décadas. Algumas dessas marcas não existem mais, mas deixaram um legado importante na indústria de eletrônicos do país.
A seguir, faremos uma homenagem a algumas dessas empresas que, em algum momento, foram sinônimo de inovação e popularidade, mas que hoje não fazem mais parte do mercado de TVs, ou pelo menos não com a mesma presença de antes.
Gradiente
A Gradiente foi uma das marcas mais emblemáticas do Brasil, especialmente nas décadas de 1980 e 1990. Fundada em 1964, a empresa paulista inicialmente se destacou no segmento de equipamentos de som e telefonia, mas foi na fabricação de televisores que ela alcançou enorme sucesso.
Na década de 1990, a Gradiente se tornou uma das pioneiras na fabricação de TVs de tela grande, com aparelhos que chegavam até 29 polegadas, um grande avanço para a época.
A empresa também teve um papel importante no mercado de games, com o lançamento do MSX (Expert) e do Phantom System, um clone do Nintendinho. Apesar de ser uma marca de renome, a Gradiente enfrentou dificuldades financeiras e entrou em processo de falência em 2018.
Apesar de tentativas de retorno, a marca deixou o mercado de eletrônicos e hoje apenas aluga suas antigas fábricas.
CCE (Comércio de Componentes Eletrônicos)
Fundada em 1964, a CCE foi uma das marcas mais populares no Brasil, especialmente durante a reserva de mercado, quando o governo brasileiro incentivava a produção nacional de eletrônicos. A CCE ficou conhecida por vender aparelhos de televisão a preços acessíveis, tornando-se uma opção popular para a classe média brasileira. No entanto, a qualidade dos produtos da marca foi alvo de críticas, já que muitos dispositivos apresentavam defeitos.
Em 2012, a CCE foi comprada pela Lenovo, mas a marca foi revendida em 2015 para a Digibras, que descontinuou as operações da CCE. Assim, os televisores com o nome da marca desapareceram do mercado brasileiro, deixando saudades para muitos consumidores.
Telefunken
A Telefunken, fundada em 1903 na Alemanha, teve uma trajetória de sucesso no Brasil, especialmente a partir da década de 1940, quando passou a fabricar aparelhos de rádio e televisão localmente.
A marca ficou famosa por sua tecnologia inovadora, incluindo modelos de TVs portáteis e com o revolucionário padrão de cores PAL. No entanto, nos anos 1980, a filial brasileira da Telefunken foi comprada pela Gradiente e, após algumas mudanças no controle acionário, a marca se distanciou do mercado.
A Telefunken tentou um retorno em 2009, mas, em 2023, foi novamente vendida a um fundo de investimentos, encerrando definitivamente sua trajetória como uma marca de televisores no Brasil.
Mitsubishi
A Mitsubishi é mais conhecida por seus carros, mas também teve uma breve e marcante passagem no mercado de televisores no Brasil. A empresa japonesa começou a fabricar TVs no Japão em 1953 e, após um licenciamento de marca no Brasil, entrou no mercado local em 1978.
Os televisores Mitsubishi se destacaram pela durabilidade e pela associação com grandes eventos esportivos, como as Copas do Mundo.
No entanto, em 1999, a Mitsubishi encerrou o contrato de licenciamento para eletrônicos com a Evadin, empresa que continuou a produzir televisores Mitsubishi por mais oito anos, até ser processada por uso indevido da marca.
Por volta de 2007, os televisores Mitsubishi desapareceram do mercado brasileiro, apesar da Mitsubishi seguir atuando no setor em outros países até 2021.
Semp Toshiba
A Semp Toshiba foi uma união entre a brasileira Semp e a gigante japonesa Toshiba, que durou de 1977 a 2016. A parceria gerou uma grande oferta de televisores no Brasil, com modelos de alta definição e LCD. A marca se destacou com seu famoso slogan “Os nossos japoneses são mais criativos que os outros”, e tornou-se uma das preferidas dos consumidores brasileiros.
No entanto, com a crise global enfrentada pela Toshiba, a divisão de televisores foi descontinuada, e a Semp formou uma nova parceria com a TCL. Hoje, a Toshiba está de volta ao Brasil, mas de uma forma mais tímida, como marca licenciada da Multilaser.
Sharp
A Sharp foi uma marca tradicional do Japão que, por um tempo, teve grande presença no mercado de televisores no Brasil. Com a licença de operação no Brasil por meio do Grupo Machline, a Sharp se destacou na década de 1990 com seus modelos de alta qualidade. Porém, em 2002, o Grupo Machline declarou falência, encerrando as operações da marca no país.
A Sharp original recuperou os direitos da marca em 2011, mas não conseguiu o mesmo sucesso. A divisão de televisores da Sharp na América do Norte foi adquirida pela Hisense, e a marca passou a ser associada à produção de outros dispositivos, como impressoras e monitores, mas sem o mesmo destaque no mercado de TVs.
Sanyo
A Sanyo foi uma das primeiras empresas japonesas a estabelecer uma operação no Brasil, chegando à Zona Franca de Manaus em 1973. A empresa se destacou não só na fabricação de televisores, mas também de telefones, aparelhos de som, fornos micro-ondas e videocassetes.
A marca foi muito popular durante as décadas de 1980 e 1990, mas em 2000, a Sanyo decidiu sair do mercado de televisores no Brasil, em razão de um desempenho insatisfatório.
Em 2009, a Sanyo foi adquirida pela Panasonic, encerrando sua trajetória como uma marca independente. Embora tenha deixado o mercado de TVs, a Panasonic seguiu com a operação de várias de suas linhas de eletrônicos.
Colorado
A Colorado foi uma marca que marcou a década de 1970, especialmente por seus televisores RQ (Reserva de Qualidade). A empresa se destacou ao contratar Pelé como garoto-propaganda em uma estratégia de marketing focada no futebol, aproveitando a popularidade do atleta após o tricampeonato da Seleção Brasileira.
A Colorado produziu modelos de TV tanto preto e branco quanto coloridos, mas a marca não conseguiu se manter no mercado. O sucesso foi efêmero, e a empresa acabou desaparecendo antes da chegada das grandes multinacionais no Brasil, que dominaram o mercado de televisores nos anos seguintes.
Apenas lembranças
Essas marcas foram, em algum momento, grandes protagonistas no mercado de televisores brasileiro, mas suas trajetórias foram interrompidas por uma série de fatores como falências, mudanças de estratégia e crise econômica.
Hoje, elas fazem parte da memória afetiva de muitos brasileiros, especialmente aqueles que viveram os áureos tempos da televisão no país.