Comer ultraprocessados pode ser tão ruim quanto fumar tabaco? O epidemiologista Carlos Augusto Monteiro, professor emérito da Faculdade de Saúde Pública da USP, participou do programa Roda Viva nesta segunda-feira (21) e respondeu essa pergunta.
Reconhecido internacionalmente, o médico é o criador da classificação Nova, que categoriza os alimentos conforme seu grau de processamento. Durante a entrevista, ele destacou os perigos associados ao consumo de alimentos ultraprocessados e até comparou com os danos causados pelo tabagismo.
Semelhanças entre ultraprocessados e tabaco
Monteiro enfatizou que tanto os alimentos ultraprocessados quanto o tabaco afetam diversos órgãos e sistemas do corpo humano. Ele apontou que ambos são altamente lucrativos e dominados por grandes corporações, o que dificulta a implementação de políticas de saúde pública eficazes.
O especialista ainda observou que a indústria de alimentos ultraprocessados segue estratégias semelhantes às utilizadas pela indústria do tabaco no passado. Ele mencionou que algumas empresas de tabaco migraram para o setor alimentício, aplicando tecnologias para tornar os produtos mais atrativos e potencialmente viciantes.
Classificação Nova e seus impactos
A classificação Nova, desenvolvida por Monteiro, divide os alimentos em quatro categorias: in natura, ingredientes culinários processados, alimentos processados e ultraprocessados. Essa abordagem tem influenciado políticas alimentares em diversos países, destacando os riscos associados ao consumo excessivo de produtos ultraprocessados.
Durante o programa, Monteiro compartilhou suas preocupações com o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e seus impactos na saúde pública. Ele defendeu a necessidade de campanhas educativas e regulamentações mais rígidas para reduzir o consumo desses produtos e promover hábitos alimentares mais saudáveis.