Em 2024, cerca de 496 mil habitantes da Grande São Paulo ficaram sem luz. Depois de mais uma crise elétrica, a pergunta que fica é: por que não migrar a rede elétrica para o subsolo?
Embora essa parece ser uma solução óbvia, que garante mais segurança contra problemas com o tempo e contra roubo, existem desafios que vão além da vontade política e da negligência das concessionárias de energia.
Motivo que dificulta a rede elétrica no subterrâneo
Quando falamos de algum tipo de obra, o principal entrave é sempre financeiro. Isso porque, especialistas apontam que o aterramento dos cabos por ser dez vezes mais caro do que as redes aéreas.
Um estudo realizado pela Comissão de Serviço Público da Carolina do Norte mostra que a transição para a rede elétrica subterrânea poderia levar 25 anos, aumentando as tarifas em 125%. Em países subdesenvolvidos, como o Brasil, onde a desigualdade socioeconômica é alta, esses custos de energia podem pesar muito mais no bolso do consumidor, tornando o aumento inviável.
Além disso, esse tipo de obra demanda muitos recursos e podem ter interrupções significativos. Prova disso é um projeto iniciado em São Paulo em 2017, que previa o aterramento de 65 KM de fio. Entretanto, até agora, apenas 40Km foram concluídos. Ou seja, 38,46% da obra ainda precisa ser concluída.
Os fatores geológicos brasileiros também influenciam de forma negativa no aterramento dos fios. Isso porque, algumas regiões possuem um subsolo rochoso, enquanto outras estão propensas a inundações.
Uma solução a longo prazo
Apesar dos desafios, a migração para redes subterrâneas permanece no radar de especialistas e administradores públicos, principalmente em áreas de grande fluxo urbano e relevância econômica.
Contudo, para que essa realidade se concretize, será necessário um planejamento de longo prazo, com investimentos robustos e um esforço conjunto entre governo, concessionárias e sociedade. Até lá, a rede aérea, vulnerável a ventos, tempestades e quedas de árvores e furtos, continuará sendo a realidade predominante no Brasil.