No Brasil, as empresas enfrentam uma carga tributária alta, muitas vezes pagando mais do que o necessário devido à complexidade e às constantes mudanças na legislação fiscal. Esse cenário pode levar a erros no enquadramento dos produtos ou serviços, resultando em impostos mais elevados.
Um exemplo disso é o caso de uma grande rede de fast food, que pagava mais imposto sobre suas casquinhas de sorvete, até descobrir que a alíquota poderia ser reduzida se o produto fosse classificado como “sobremesa” em vez de “sorvete”.
Da mesma forma, uma fabricante de eletrodomésticos também enfrentou uma tributação indevida ao enquadrar geladeiras comuns na mesma faixa fiscal das versões mais sofisticadas, com torneira na porta, que possuem alíquotas mais altas.
Impostos das empresas
Esses casos exemplificam a complexidade da legislação tributária brasileira, que, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), resulta na criação de cerca de 46 novas normas fiscais por dia. Esse ritmo de mudanças constantes faz com que 95% das empresas acabem pagando mais impostos do que o devido, uma vez que compreender e acompanhar as regras fiscais exige um conhecimento especializado.
O Brasil possui uma das maiores cargas tributárias para empresas na América Latina, com alíquotas de Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) que, quando combinadas com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), chegam a cerca de 34%. Esses níveis estão entre os mais altos do mundo, o que prejudica a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional, especialmente quando comparadas a nações com tributos mais baixos e sistemas tributários mais eficientes.
Mudanças e mais mudanças
A legislação tributária brasileira está em constante evolução, o que torna o planejamento financeiro das empresas ainda mais desafiador e aumenta o risco de erros no cumprimento das obrigações fiscais. Um exemplo disso é a recente reforma tributária em curso, que ainda carece de regulamentação para esclarecer as regras relativas aos impostos sobre o consumo, como ICMS, PIS, Cofins, ISS e IPI. Essas mudanças também podem afetar a tributação sobre a renda, com possíveis ajustes nas alíquotas de impostos corporativos e na taxação de lucros e dividendos.
Esse cenário de constante alteração das regras fiscais gera grandes dificuldades para as empresas gerenciarem seus tributos de forma eficiente, o que pode resultar em multas, juros e até inadimplência fiscal. Além disso, a elevada carga tributária é um obstáculo significativo para o crescimento econômico, limitando o potencial de investimento e dificultando o surgimento de novas oportunidades de negócios no Brasil.