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Propósito de vida no envelhecimento

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No desenvolvimento da nossa trajetória humana, dia após dia, vamos vivendo por viver, sem, na maioria das vezes, realizar um planejamento para o nosso futuro. E desse nosso futuro não faz parte morrer. Nossa educação pública, social, não dá conta de nos educar para a realidade da vida, do nosso envelhecimento e muito menos para a realidade da nossa finitude.

Em relação ao nosso crescimento pessoal e profissional na vida, trata-se de ser muito mais um esforço individual, persistente, do que um estímulo externo para o sucesso de nossa caminhada. Meus pais fizeram de tudo para a nossa educação (minha e a da meu irmão). E foi a educação pública que me salvou como pessoa. Desde o primário até o ensino superior. Nesse crescimento, nessa passagem do tempo em mim, procurei o meu caminho na vida, em consonância com o que se passa na minha alma. Escolhi uma profissão que me possibilitasse o contato com a experiência humana de existir com todas as suas fraquezas, fragilidades e potencialidades.

Nesse novo horizonte de vida, nessa descoberta do mundo, me segurei também na literatura, nos livros. Busquei também a psicoterapia por mais de 15 anos para adquirir um pouco mais de equilíbrio e de serenidade para o meu autoconhecimento. Encontrei-me uma pessoa que precisa de outras pessoas. E foi no trabalho social com algumas pessoas idosas que mergulhei na falta humana e na imponderabilidade da vida. Nessa aprendizagem foram mais de 30 anos, de sim e de não. Até que entrei para o grupo das pessoas idosas, hoje com 63 anos de idade. E me faço a seguinte pergunta: qual é o meu propósito de vida? – expressão tão em voga na atualidade, está na moda, presente no mundo corporativo, acompanhada por coachs, treinadores de nossas emoções.

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Meu propósito de vida é dar sentido e direção aos dias no processo de envelhecimento e ao envelhecimento de outras pessoas. Conforme a literatura especializada nos orienta, é preciso transformar os sonhos e os desejos em objetivos e metas. Daí, caros leitores, compartilho com vocês algumas questões básicas para a nossa reflexão nesse campo de evolução para a nossa subjetividade. Quais são os seus desejos e sonhos? O que te motiva na vida? O que te faz acordar animado? O que você gostaria de fazer nos próximos seis meses, um ano, cinco anos? Dá tempo, sim. Vamos começar agora. Vamos viver muito.

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Pode parecer fala de um bonito personagem da “Sessão da tarde”, mas o texto é esse: nunca é tarde para começar. Ou recomeçar, não há culpa nenhuma nessa atitude. Diante da realidade do envelhecimento populacional mundial e do nosso país e de nossa cidade, o grande desafio, hoje, já não é ter o alcance de uma vida longa, mas, sim, conquistar uma vida com propósitos, com ter o que fazer na direção de construir uma cidade melhor para todas as idades.

Vou comentar um pouco por aqui também sobre a aposentadoria, momento de saída do trabalho profissional que nos confere uma nova realidade, elimina a nossa identidade funcional o que se confunde com a destituição de nossa personalidade: a aposentadoria nos despersonaliza da nossa importância social. Você não é mais, você foi. E aqui cabe fazer um novo começo, reinventar um propósito de vida, em cheio, na continuidade da batida do nosso coração.

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É preciso também ter coragem e fé para levar adiante os longos anos que teremos pela frente. Mais questões se sobressaem ao escrito: o que eu vou fazer com esses anos a mais? Onde e como vou investir o meu tempo? A semeadura é extensa.

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