No fim de semana passado estive em Senador Firmino, cidade com seus 7.716 moradores residentes contados em 2022. Participei com a família da missa de domingo pela manhã, na Matriz, Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Trouxe voluntariamente alguns produtos típicos, produzidos, na cidade, como uma boa cachaça local – não tomo, só gosto do aroma –, mel do apiário oliveira, pimenta braba, café arábico, doce de leite Senador e o já conhecido por poucos e consagrado por muitos como o melhor pão de queijo da região, o pão de queijo da Cutica, produzido e fabricado no vizinho e agradável município de Dores do Turvo.
Começo por aqui, assim, a coluna de hoje, apresentando a vocês, caros leitores e leitoras, que tudo isso que relatei representa minhas microalegrias. E tem um motivo para ser assim: é que reaqueço memórias e fuxico(s), como o que foi encenado brilhantemente pelo Grupo Artístico Temporário Esquadros recentemente aqui em JF. Trago lembranças vivas da minha Porciúncula, que me torna “pitico” para o resto da vida. Essa palavra ou essa expressão, essa escrita “microalegria” eu não conhecia e nunca tinha ouvido falar, ou mesmo não tinha lido em lugar nenhum. Pois é, lendo o jornal na manhã fria do segundo dia do mês de julho, deparei-me com a leitura da coluna da Natalia Beauty, e, à partir de então, virei seu mais novo seguidor. Ela que é multiempreendedora e fundadora do Natalia Beauty.
Justiça seja feita, e a faço por aqui. Ao ler microalegrias me veio à luz as microcrônicas ou as Cronimétricas do genial escritor, cronista dos “bãos”, jornalista Wendell Guiducci, com o seu tinteiro nas mãos. Um gigante das letras. Mas afinal de contas, o que você entende por microalegrias? Me dá um exemplo, meu caro colunista, de pequenas alegrias. Sim, com base nas sugestões da autora que fiz referência acima e que eu concordo. As pequenas alegrias podem estar presentes em simples ações do dia a dia. Por exemplo. Ouvir aquela música que você ama; ficar descalço; sentir o rosto no sol – deixa para quando o tempo firmar, pois a La Niña (conhece?), vai trazer, em breve dias mais quentes; outro microprazer que eu curto bem é tomar (e o momento está pedindo) um café gostoso e bem preparado com uma pessoa que a gente ama.
Naturalmente, eu poderia esticar um pouco mais, bem mais, e falar sobre outras situações corriqueiras que dão satisfação e alargam a alma na miudeza do que fazemos todos os dias. É preciso desligar o automático modo de viver em que nos enfiamos. Há quanto tempo que você não fala com um amigo ou uma amiga com quem se formou junto na faculdade? Mesmo dentro de casa, as reuniões em torno da mesa estão cada vez mais escassas e rápidas. Churrasco não é almoço, tem que demorar, como nos ensina o grande filósofo Mário Sérgio Cortella, em suas reflexões transcendentais: para ele, o churrasco representa momentos de ócio recreativo. Fecho com ele. Sou bem do tipo de participante dessas reuniões que se considera como sendo um “inimigo do fim”. Preciso de gente. Gosto de ouvir histórias, como as que ouvi em Senador Firmino. Talvez seja por isso, eu desconfio, que encontro o meu lugar no convívio com as pessoas idosas. Pode parecer que não, mas muitos idosos estão carregados de pequenas alegrias, e ter o compartilhamento deles prolonga minha vida.
Para finalizar: as pequenas alegrias são experiências pessoais e subjetivas. Podem parecer desprezíveis aos olhos do mercado, e são mesmo, mas elas (as pequenas alegrias) têm um apelo universal, porque falam de nossa humanidade.