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Juiz de Fora, Zona Norte

Foto Arquidiocese de Juiz de Fora
Foto Arquidiocese de Juiz de Fora vertical
Igreja Nossa Senhora de Lourdes, no Bairro Francisco Bernardino, Zona Norte (Foto: Arquidiocese de Juiz de Fora)
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Há quem diga que Juiz de Fora seja uma cidade feia, e talvez seja mesmo. Isso porque suas belezas não são do tipo que saltam aos olhos de imediato. Elas não se encontram depois de cruzar uma esquina, numa olhada para o seu ponto mais alto. Belezas naturais não são o seu forte. Mas as belezas existem e, para enxergá-las, é preciso esforço. Na verdade, é necessário olhar para dentro, porque é no interior de cada um de nós, juiz-foranos, que se pode encontrar a beleza que mora nestas terras. Por isso, vou falar da Juiz de Fora que está dentro de mim: minha Juiz de Fora particular. Ela não está nas ruas de sua região central e dos bairros mais badalados. É uma cidade que pouco aparece. A Juiz de Fora que mora dentro do meu interior é aquela que se estende em direção à Zona Norte. Essa é a primeira cidade que conheci e que faz parte das minhas memórias.

A cidade central, a que todos conhecem, onde fica o Parque Halfeld, o seu coração, eu fui conhecendo aos poucos. Sim, porque isso só acontecia quando minha família dizia que precisava ir à “cidade”, o que se dava quando era necessário ir ao médico, ir a uma agência bancária, ir comprar roupas novas para um casamento, ir comprar presente para o Dia das Crianças ou para o Natal. Até hoje conheço muitos moradores da Zona Norte que dizem que vão à “cidade” quando se referem à região central e comercial de Juiz de Fora. É um hábito que se mantém, apesar da modernização. Eu mesmo digo que vou à “cidade”, o que causa risos entre meus amigos que não cresceram no lado do município que serve de caminho até Benfica. Um modo de refletir uma divisão cultural e geográfica interna, que pontua a diferença entre a experiência vivida no centro e na periferia.

Para mim, antes de qualquer coisa, as belezas de Juiz de Fora estão nestas saudades. Na Padaria Continental, que existia na Avenida Olavo Bilac, no Cerâmica, e hoje não existe mais. Mas foi lá que experimentei os melhores pães e biscoitos da minha vida. Numa pequena estação de trem, que ficava do outro lado da avenida, conhecida como “Paradinha”, onde se embarcava no Xangai para uma fantástica viagem até Matias Barbosa, com direito à vista da primeira hidrelétrica da América do Sul. Na Escola Estadual Maria Elba Braga, onde aprendi as primeiras letras. No presépio do senhor Tufi, perto da BD, que tinha um moinho e dava para ouvir o barulho da água, e  tinha também as grandes figuras dos reis magos que encantavam os olhos infantis. Na igreja Nossa Senhora de Lourdes, no Francisco Bernardino, onde fiz minha primeira comunhão. Nas festas que aconteciam no pátio da antiga usina de creosoto, cenário das minhas primeiras aventuras adolescentes.

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A Juiz de Fora que me proporcionou essas memórias tem muitas belezas, que se revelam nas experiências pessoais de seus habitantes. Uma beleza verdadeira que está nos detalhes e nas recordações. A descrição de Juiz de Fora, que completa 174 anos, e que, para alguns, pode parecer feia à primeira vista, guarda uma riqueza escondida na história e nas vivências de seus moradores. É uma cidade cujas belezas estão mais na memória afetiva e na relação pessoal do que nas paisagens ou nos monumentos. Quando olhamos para dentro, encontramos uma cidade rica em beleza e momentos cheios de significado. Deixo aqui meus parabéns para a nossa “princesa de Minas”.

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