Hoje eu gostaria de convidá-lo a refletir comigo a quantas anda sua conduta ética diante dos desafios cotidianos que passamos a ter que enfrentar em decorrência da pandemia, os quais surgiram impiedosamente na saúde, na economia, na ordem social em geral, sempre atrelados a um agravante: o da ansiedade de tentarmos prever como será o momento posterior a este.
Não bastasse isso, passamos a conviver diuturnamente com notícias, estatísticas, índices, previsões e sabe-se lá mais o quê, capazes de nos tirar do eixo da normalidade e, se não ficarmos atentos, correndo ainda um risco iminente de nos tornarmos tolos donos de verdades, que nem mesmo nos pertencem.
Conseguimos verificar com facilidade o quanto somos individualistas e que muito pouca educação para o senso coletivo recebemos ao longo de nossa formação, de modo que pudéssemos ser capazes de pensar e agir pelo bem de todos de forma natural e espontânea. E observe bem, é exatamente em tempos de crise que a ética das pessoas e das instituições emerge como de fato ela é, escancarando suas fragilidades.
Durante todo esse período de pandemia, inúmeros têm sido os exemplos capazes de nos evidenciar o quão longe estamos de possuir uma ética que naturalmente tenha um senso coletivo.
Infelizmente, vários são os exemplos, como daquele que se nega a usar a máscara em lugares públicos, apesar de ciente da necessidade da mesma; o que teima em não lavar as mãos e utilizar o álcool em gel; a conduta criminosa e desumana de requerer um auxilio emergencial do Estado, sabendo que dele não necessita para nada; a postura impassível diante da fome e da dor do próximo causada pela crise sanitária; a coragem de participar de festas e/ou aglomerações, apesar de ciente da proibição das mesmas e dos efeitos catastróficos que podem provocar na sua saúde, de sua família e de terceiros, dentre tantos outros.
Mesmo com tantos desafios, necessário é que entendamos que a ética não é individual e que tem ela a ver com todos, ainda que não haja um consenso entre as pessoas do que seja ser ético!
Num momento como o atual necessário se faz entender que não estamos a viver uma competição sobre quem está certo ou errado. Ao contrário, a situação nos exige união de esforços, e é exatamente aí que a ética com sentido coletivo ganha um espaço exponencial para fazer valer as virtudes que a permeiam, como empatia, responsabilidade, solidariedade, prudência, etc, as quais precisam ser notadas e sentidas pelo outro em função das ações que eu pratico em favor do todo e não evidenciadas em mim. Observe que ética é sobretudo, ação! E ação pelo bem da coletividade.
O certo é que precisamos sair do lugar. Aprendermos com estas lições e buscarmos um crescimento efetivo, sanando o problema na sua causa já identificada e tendo plena consciência de que nessa luta, se formos inteligentes, não haverá vencedores e vencidos. O que vale mesmo a pena é seguirmos juntos!