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Alô, você!

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Meados da década de 90. Fazendo uso da minha memória afetiva, lembro-me deitada no sofá da casa da minha avó, junto do meu avô, dos meus tios e da minha tia Marinês, sempre atenta à TV. Naquela época, lá era o lugar onde eu podia assistir canais recebidos via antena parabólica e com imagens em cores. Recordo-me que nas tardes de sábado sentávamos para acompanhar o Esporte Espetacular, conduzido por Léo Batista, Mylena Ciribelli e Fernando Vanucci. A millennial aqui não tem com exatidão uma reportagem específica. Mas já tinha consciência suficiente para entender o quão prazeroso era aquele momento.

Na terça, chegou a notícia do falecimento de Fernando Vanucci. Talvez minha memória afetiva possa ser injusta diante deste momento de perda. Nada contra os profissionais da atualidade, hoje meus colegas de profissão, mas a nostalgia me induz a acreditar que aquela época era especial. Que, com o tempo, não só o horário e o dia do Esporte Espetacular mudaram, mas a emoção também. Que, embora o jeito despojado tenha se expandido e virado quase uma regra para a turma do esporte, Vanucci era diferenciado.

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Ao recordar do mineiro de Uberaba, vem-me à memória também Luciano do Valle, falecido durante meu trabalho de conclusão de curso na faculdade, época em que, devido ao tema, tive a felicidade de debruçar-me em textos que mostram a importantíssima contribuição dele ao esporte, como narrador, como empresário e como visionário. Milton Neves, outro que me desperta lembranças memoráveis, em postagem feita ainda na tarde de terça, afirmou que Vanucci foi tão estrela quanto do Valle e Galvão Bueno.

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Uma pena, mais uma vez, que a grandiosidade de Fernando Vanucci esteja sendo comentada agora. Um retrato de uma triste cultura, na qual a homenagem é póstuma. Com a morte de Maradona ontem, que vale uma coluna à parte, Vanucci aos poucos deve cair no esquecimento. Mas a memória afetiva está lá, mostrando que locutores, apresentadores, narradores, jornalistas e todos os que compõem o esporte também têm um cantinho especial nas nossas recordações.

Alô, Vanucci. Vá em paz! E obrigada por me fazer viver sentimentos tão gostosos.

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