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Derrotas cotidianas

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Difícil falar de esporte em um momento em que o Brasil está em ebulição. Assisto estarrecido a tudo o que está acontecendo; espantado com o clima de Fla-Flu que se tornou a discussão política nacional. O extremismo, de parte a parte, que vemos nas ruas e nas redes sociais me assusta. Muito. Temo pelo dia de amanhã. Concordo que é preciso guiar o país para um lugar melhor no espaço-tempo de nossa pequena existência. Temos, sim, que investigar e punir criminosos – observando o que estabelece a legislação vigente – e dar um ponto final à corrupção. Mas vejo também que precisamos evoluir como pessoas. Não é certo odiar – em casos mais absurdos, violentar verbal e fisicamente – outra pessoa só por que ela veste a camisa de outro time. Isso vale para o futebol e para a ideologia política – ou a falta dela.

Tenho acompanhado o transcorrer dos fatos com um nó na garganta. Mais angustiado que um goleiro na hora do gol, como diria o sumido Belchior. Assustado. Ainda assim, não abro mão do meu ópio (do povo): o futebol. Na última quarta-feira, por pouco mais de 90 minutos consegui virar a chave, desopilar o fígado, tomar minha cerveja, ser um pouco feliz atrás da quarta parede das quatro linhas. Sorri, de fato, nas duas vezes em que vi meu time balançar as redes adversárias. Abracei amigos e desconhecidos.

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Depois, voltando para casa, ouvi um estranho, do outro lado da rua, dirigir-se a mim com uma ofensa raivosa. Tirando os palavrões, foi algo como “fora, corintiano”! Podia ter sido “fora, coxinha” ou “fora, petralha”. Não importa. Após ter me sentido vitorioso por uma hora e meia, voltei a ser um derrotado inserido em uma sociedade que parece mais afeita ao ódio a cada dia.

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