Com a disseminação em nível global do coronavírus, a Organização Mundial de Saúde acabou por declarar o estado de pandemia no último dia 11 de março, quando seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva à imprensa, afirmou que “todos os países devem encontrar um bom equilíbrio entre proteger a saúde, minimizar problemas econômicos e sociais e respeitar os direitos humanos.” E entre as diversas medidas recomendadas para prevenção da contaminação e contenção da pandemia, o isolamento social foi destacado como a mais eficaz delas, sendo que em nosso país não foi diferente.
Inúmeros foram os impactos sofridos, chamando muita atenção aqueles que recaíram sobre a tríade trabalho- sociedade- saúde, uma vez que ficou ainda mais evidenciado o quão frágil é a via de mão dupla em que estão pautadas as relações de trabalho e a produção de riquezas. É incontestável que, por mais diferenças que existam entre as partes envolvidas – e sabe-se que são abissais -, ao mesmo tempo encontram-se elas em nível idêntico de importância e dependência, no qual a falta de uma afronta mortalmente a outra. Estas percepções foram sentidas de maneira quase uniforme mundo afora e de um modo exponencialmente rápido, assustando e deixando quase nenhum tempo para entender toda essa nova ordem de comportamento.
Por outo lado, a grande quantidade de trabalho que passou a ser efetuada em regime de home office, por exemplo, em função da adoção emergencial e generalizada das medidas contingenciais de combate ao Covid-19, até por ser uma situação completamente inusitada para todos, mostrou com toda clareza o quanto estamos imaturos para lidar com as transformações atuais do mundo do trabalho. Tais mudanças vêm solicitando dos envolvidos um repensar de condutas, uma quebra de paradigmas, onde a atividade laboral deva ser encarada como capaz de propiciar qualidade de vida e eficácia de ações eminentemente preventivas ao adoecimento e/ou ocorrência de acidentes no trabalho. É um aspecto que merece e precisa ser olhado com bastante cautela haja visto que, modernamente, o conceito de condições de trabalho já se distanciou da mera noção de tempo e higiene, estando hoje bem mais atrelado à relação de trabalho como um todo e também à saúde da própria organização.
As forças envolvidas nesta relação não podem jamais perder de vista que uma das principais características do trabalho é a de que sempre foi e sempre será ele produto e produtor de sujeitos, além de promotor da realização do ser humano em si mesmo. Dessa forma, torna-se ele essência para o estabelecimento das condições de vida e de saúde das pessoas.
Exatamente em decorrência de conter uma característica de tamanha magnitude, o trabalho é capaz de unir estas forças em prol de um objetivo ainda maior, que é a manutenção da vida como um todo. Juntos, ainda que com todas as suas deficiências e mazelas, diferenças e vontades, empregados e empregadores podem extrair deste momento lições ímpares, grandes aprendizados e caminhos novos.
Em sendo assim, diante de um cenário tão novo e desafiador, uma reflexão importante há que ser feita por ambas as partes, com coragem e equilíbrio, para descobrir e dosar seus limites, de modo a se fortalecerem para conjuntamente conseguirem enfrentar os desafios que lhes estão sendo inusitadamente colocados e vencê-los, pois ISSO VAI PASSAR!!!