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Décimo e último dia: Cachoeira Paulista – Aparecida

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Foto: Regina Campos

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Luiz Henrique Alves da Silva e Carlos Antônio Pereira fizeram o percurso de 36 quilômetros a pé em 4 horas e meia, e chegaram antes mesmo que o caminhão onde estava a jornalista Regina Campos

Pela primeira vez nestes dez dias de jornada, não segui com os romeiros a pé para a estrada. Me despedi deles na porta da pousada em Cachoeira Paulista, à 1h da manhã desta sexta-feira (26). “Espero vocês na entrada de Aparecida. Sorriam para minha câmera”, e voltei para o meu quarto para tentar dormir até as 5h, quando partiria o caminhão levando as bagagens dos peregrinos. Tinha decidido pegar uma carona. Era preciso estar lá para registrar a vitória de todos, sem exceção.

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No horário combinado, Cristian Franco, o motorista, já me esperava. Ele me conta que esta é sua quarta caminhada, mas a primeira que ele não faz o percurso a pé. “É um vício bom, sadio”, me diz, não escondendo a vontade que sentiu nestes dias de estar com os pés no asfalto. “O outro motorista não pôde vir, e eu tive que assumir o volante. Ano que vem eu vou caminhando”, prometeu.

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Silvio Antonio Batista, o cozinheiro, veio junto na cabine. Por nove dias, nos alimentamos da comida saborosa preparada por ele. “Eu procuro dar atenção para aqueles que não conseguem chegar igual aos outros.” Eu percebi isso, Silvio. Vi você, por várias vezes, levar o prato de comida aos locais onde estava quem não tinha forças para chegar até você.

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Desci na entrada de Aparecida e me sentei no acostamento para esperar pela chegada dos peregrinos. Já eram quase 6h30, e eles deveriam estar próximos. Me emocionei com as cenas que assisti a partir dali. Logo, eles começaram a chegar, sozinhos ou em grupos. “É muita emoção, muita”, me diz o comerciante Luiz Dieres da Cruz, que carregava a bandeira de Nossa Senhora. Ao lado dele, Ronan Brandão me olha, e as lágrimas brotam dos olhos, meus e dele. “Não dá para falar.” Você já disse tudo, Ronan. Sua força me emociona e sua fé me comove. Obrigada por me dizer tanto sem precisar usar as palavras.

Olho para trás e vejo Walter Aparecido de Paiva de mãos dadas e braços levantados com a esposa Franciele Cristina Mendes Oliveira. “Valeu, Regina! Valeu a força, Regina! Tamo junto”. Valeu mesmo, Walter! Foi lindo ver você feliz ao lado da Fran. “Conseguimos, Regina”, ela vibra. Eu tinha certeza, Fran.

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Atrás deste grupo, me deparo com Maicon de Lima e me lembro da conversa linda que tivemos sobre a vida na pousada de Queluz. Dou um abraço nele e choro de felicidade.

Maycon segue sem conseguir se expressar em palavras. Sento na grama para me recuperar daquela emoção, enquanto aguardo um outro grupo chegar. Um carro acessa a entrada de Aparecida, e o motorista me vê sentada. Para, dá a marcha ré, abre o vidro do carro e me pergunta: “A senhora está se sentindo bem? Precisa de ajuda?” “Estou sim. Só estou emocionada com a chegada dos meus amigos romeiros.” Ele olha para o lado e não vê ninguém. “Oi? Como assim? Não entendi.” Eu sei, só entende quem vive o que eu vivi nestes últimos dez dias. Agradeço a atenção e digo que ele não precisa se preocupar. E sigo registrando e me emocionando com a vitória de cada um.

No Santuário, a confraternização com familiares e amigos acontece no estacionamento. Os romeiros rezam o terço, participam de uma missa e voltam para suas casas com o corpo doído e a alma renovada.

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Eu, na próxima semana, volto à redação da Tribuna para escrever as histórias que ouvi e ainda não contei. A matéria especial será publicada no domingo, dia 4 de agosto.

E a vocês, leitores, o meu sincero agradecimento por embarcarem comigo nesta jornada de fé.

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