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‘Servant’, a série (que não é) do Shyamalan, e a volta do desenho (que não é) do He-Man

coluna servant
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Oi, gente.

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Na coluna da semana passada, sobre a primeira temporada de “Invasão”, comentamos que o Apple TV+ é um serviço de streaming com acervo pequeno, mas que compensa com sobras os R$ 9,90 que pagamos por mês; afinal, é melhor ter qualidade do que quantidade. Entre as tantas séries citadas que justificam o investimento está “Servant”. Eu e A Leitora Mais Crítica da Coluna terminamos a segunda temporada antes da estreia da terceira, em janeiro – a quarta e última já foi confirmada por M. Night Shyamalan, um dos produtores e que chegou a dirigir alguns episódios.

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(Um pequeno parêntese: apesar de todo mundo achar que é “uma série do Shyamalan”, “Servant” é criação de Tony Basgallop, mas é inegável que a mistura de drama, suspense e terror tem muito a ver com o universo audiovisual em que o cineasta indiano fez sua fama.)

Para explicar a trama, passada na cidade de Filadélfia, precisamos dar apenas um spoiler sobre o que acontece no primeiro episódio da primeira temporada: a jornalista Dorothy (Lauren Ambrose) e o chef de cozinha Sean Turner (Toby Kebbell) contratam uma babá, Leanne (Nell Tiger Free), para cuidar do bebê do casal, Jericho. Porém, o primeiro plot twist não demora a chegar: Jericho, na verdade, morreu – apesar de, no início, não explicarem quando e como -, e Leanne tem como “trabalho” cuidar de um desses bonecos realistas que parecem um bebê de verdade, enquanto o casal segue sua vida profissional. Não demora para se descobrir que Dorothy vive em estado de negação em relação à tragédia, e por isso todos ao redor da jornalista se mantém a farsa de que o boneco é Jericho – principalmente Sean e o irmão da jornalista, Julian (Rupert Grint).

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O primeiro episódio, entretanto, ainda guarda outro plot twist, que vai nortear os rumos da série a partir de então. Os 20 episódios das duas temporadas acrescentam novas camadas à história e às personalidades do trio/quarteto de protagonistas (Julian é personagem que ganha uma senhora importância na segunda temporada), além de revelar aos poucos os detalhes que ajudam a entender o que se passou na família Turner e incluir personagens que, se batessem à nossa porta, jamais deixaríamos entrar em casa.

Com alguns episódios capazes de criar angústia, medo, terror e outros sentimentos sinistros, “Servant” é uma história sobre perda, luto, trauma, religião, pecado, culpa, fé, dilemas morais, perversidade, fanatismo, negação, relações familiares, amor e os limites do que somos capazes de fazer pelo tal do amor e/ou por desespero. Não é pouca coisa para uma produção que tem episódios de apenas 30 minutos, em média, que dão vontade de emendar no próximo e no próximo e no próximo. Para quem ainda tem dúvidas se vale a pena trocar uma cerveja por mês pela assinatura do Apple TV+, “Servant” pode ser o argumento que falta para o ah migo leitor e a ah miga leitora assinarem mais um serviço de streaming.

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Também criticamos, semana passada, o fato da Netflix não dar chance a muitas séries, que são canceladas pouco depois de estrearem. Ainda bem que a empresa do “N” vermelho não manteve essa estratégia com “Mestres do Universo: Salvando Eternia”. A segunda parte da primeira temporada estreou há poucas semanas, e acreditamos que deve ter deixado todo mundo feliz e satisfeito – até mesmo a turma que reclamou dos primeiros cinco episódios, que tiveram Teela como protagonista e quase nada de He-Man e Esqueleto.

Com o perdão do spoiler, a segunda parte da série começa imediatamente após os eventos do primeiro arco, em que Esqueleto conseguiu os poderes do He-Man ao tomar para si a Espada do Poder e se tornou a pessoa mais poderosa do universo. Derrotados, o Príncipe Adam, Teela e seus companheiros tentam desesperadamente uma forma de derrotar o vilão, o que se torna ainda mais difícil após a supostamente regenerada Maligna voltar para o lado de seu antigo mestre.

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A nova leva de episódios é marcada por mais cenas de ação e uma história mais ágil, que busca amarrar todas as pontas deixadas no arco inicial. As cenas de luta, porém, são desiguais: algumas são de arrepiar, enquanto outras apresentam uma indigência que lembra as restrições orçamentárias do desenho animado dos anos 80. O episódio final ainda tem um momento deus ex-machina que, mesmo justificado pelas circunstâncias, não deixa de ter aquele ar de “sério que fizeram isso?”. Nem o fato de marcar o retorno de um personagem querido pelos fãs justifica a forma como ele reaparece na trama.

Mas essas são questões que não atrapalham a experiência de quem resolveu acompanhar a animação. “Mestres do Universo: Salvando Eternia” tem ação, pancadaria, luta pelo poder e entre o bem e mal, mas é principalmente uma história sobre destino, herança, lealdade, abuso e heroísmo, além de ampliar a mitologia desse universo.

Para horror dos fanboys misóginos, Teela continua sendo a grande protagonista da série; He-Man tem uma participação muito maior que no arco anterior, mas a produção coloca, em seu desfecho, a heroína em pé de igualdade com o campeão de Eternia, além de dar o merecido destaque para outras personagens femininas, como a própria Maligna, Andra e – em menor escala – a Feiticeira e a Rainha Marlena.

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Para deixar o coração nerd batendo ainda mais forte, a série termina com um senhor cliffhanger para uma possível próxima temporada, então vamos torcer para a Netflix não vacilar na parada.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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