Estudar para quĂȘ?
“Agora, o jornalismo iniciou outra batalha, desta vez contra as “Fake News”, e sinceramente, acredito que essa nunca terminarĂĄ.”
Suponhamos que, de um dia para o outro, voltĂĄssemos ao sĂ©culo passado, retornando aos horrores da ditadura militar. Caso fĂŽssemos impedidos de externar nossas opiniĂ”es e crenças sobre assuntos que fossem contrĂĄrios ao que os militares pensavam. Acredito que começarĂamos a dar mais valor Ă s nossas opiniĂ”es, certo?
Entretanto, leitor, qual opiniĂŁo vocĂȘ consideraria mais importante: a de um jornalista que estudou durante anos para adquirir conhecimento e credibilidade na comunicação, ou a do seu amigo ou tio que recebeu uma informação de outros amigos atravĂ©s das redes sociais?
Impressionantemente, muitas pessoas preferem escolher a segunda opção e acabam se deixando enganar. EntĂŁo a luta dos jornalistas durante a ditadura nĂŁo valeu de nada? Aqueles que tiveram suas falas cerceadas, foram exilados e atĂ© mortos por expor suas opiniĂ”es. Como eles se sentiriam ao saber que, atualmente, alguns cidadĂŁos preferem acreditar em pessoas que nĂŁo tĂȘm um estudo aprofundado, em vez de confiar no jornalista?
Essas informaçÔes, que se abstĂȘm de um crivo jornalĂstico e sĂŁo rapidamente difundidas, tĂȘm um nome bem popular atualmente, que vocĂȘs jĂĄ devem conhecer, mas Ă© sempre bom mencionĂĄ-las: as “Fake News”. Essas tĂȘm como função ludibriar o leitor, fazendo-o acreditar em acontecimentos que nĂŁo correspondem Ă verdade.
Para se ter uma noção de como as “Fake News” se tornaram um fenĂŽmeno, basta lembrar a enxurrada de notĂcias falsas atribuĂdas Ă vereadora carioca Marielle Franco, que foi assassinada em março de 2018. O partido ao qual ela era filiada, o PSOL, recebeu cerca de 15 mil “Fake News”, em um perĂodo de apenas cinco dias, sobre a vereadora no mĂȘs de sua morte.
Para entender melhor esse “boom” das “Fake News”, a Revista PUC Minas entrevistou um dos maiores especialistas em “Fake News” no Brasil, o professor e jornalista Ivan Paganotti, que explicou que a população tem uma maior tendĂȘncia a acreditar nessas notĂcias pois as redes sociais se tornaram parte do convĂvio direto da população, ganhando mais importĂąncia que as mĂdias tradicionais, onde temos o maior nĂșmero de jornalistas.
Outro motivo pode ser a sensação de proximidade com quem a população recebe a notĂcia. Quando visualizamos jornalistas famosos, acreditamos que eles sĂŁo como “deuses olĂmpicos”, estelares e intocĂĄveis, com quem jamais terĂamos a oportunidade de conviver, tornando-os inacessĂveis. Assim, as pessoas tendem a acreditar e confiar em quem estĂĄ perto delas e compartilhar um pensamento semelhante ao delas, criando uma conexĂŁo – algo que a televisĂŁo ainda batalha para conquistar.
Agora, o jornalismo iniciou outra batalha, desta vez contra as “Fake News”, e sinceramente, acredito que essa nunca terminarĂĄ. Mas ainda podemos mitigar a propagação de notĂcias falsas. Mas como? Creio que o jornalismo jĂĄ estĂĄ se movendo para tentar diminuir a difusĂŁo delas, por exemplo, com uma maior tentativa de aproximação com o pĂșblico, buscando criar um laço com o receptor da mensagem, fazendo com que ele se sinta parte do programa, realizando mudanças nas roupas, na fala e no estĂșdio. Todavia, teremos de ser pacientes, pois serĂĄ um processo interminĂĄvel.
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