2015 e as redes sociais


Por BRUNO CARLOS MEDEIROS - ESCRITOR

22/01/2015 às 07h00

A chegada de um novo ano traz consigo a primeira de suas anedotas: nossa incapacidade de lidarmos com nossa própria acomodação. Vemo-nos envoltos em nuvens de lamentações pelos erros cometidos, reciclagens de promessas não cumpridas e um cardápio de metas que, como bem se sabe, são abandonadas tão logo as primeiras dificuldades são sentidas.

Alguns cortes nas listas de missões para 2015, no entanto, podem favorecer o êxito de nossas promessas. Direcionemos nossas atenções àquelas cujos benefícios alcançarão toda a sociedade. Nada mais urgente do que incorporarmos, em nossa consciência, o reconhecimento de nossa atávica qualidade de omissos, característica que nos situa diante de parte das responsabilidades pelos descaminhos da trajetória de nosso país, seja pelas escolhas duvidosas que depositamos nas urnas ou pelo total desinteresse pelos mandatos de nossos representantes. Eleições passadas, resta que nos ocupemos do segundo e que, através da busca pelo seu remendo, possamos começar a corrigir uma das características mais crônicas e danosas do brasileiro: a passividade.

Demos valiosos passos com o surgimento das redes sociais. As manifestações de junho são bons exemplos do poder da união de nossos rugidos e da eficácia do bom uso das ferramentas disponíveis para ecoarmos nossas insatisfações e provocarmos outros descontentes. A teoria dos seis graus de separação, que afirma que não precisamos de mais do que seis amigos para que estejamos ligados a qualquer indivíduo em todos os cantos do mapa, dá-nos uma boa noção do que diminutos círculos de relacionamentos na rede podem permitir.

A facilidade dos cliques transcende à inércia dos brasileiros, tornando, mesmo os mais morosos, contribuintes de uma causa, sem maiores esforços. Ainda que a leniência mental de grande parte dos internautas provoque apupos dos mais equivocados, é visível que está em formação uma nova leva de jovens interessados pelos rumos de nossa nação. E já testemunhamos, ao redor do planeta, outros levantes estimulados por essa nova era. Uma militância virtual honesta permite que contestemos, por exemplo, quadros políticos indesejados lotando pastas nos ministérios ou que repudiemos que o fisiologismo partidário seja o mérito das nomeações, pois a nós são devidas as prestações das contas pelos atos do Governo.

E não menos importante: que em 2015 a cidadania torne-se um exercício diário, com folgas e concessões vedadas por nossa própria consciência.

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