Estratégias partidárias
Partidos atrasam a indicação das chapas ante a possibilidade de novos acordos envolvendo postos na administração
A partir do dia 20 de julho – e até 5 de agosto – os partidos estão autorizados a realizar suas convenções, para deliberar sobre coligações e escolher candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. A data é emblemática, por encerrar, também, o natural ciclo de especulações sobre possíveis composições. Como as chapas devem ser oficializadas na Justiça Eleitoral, finalmente o eleitor terá meios de saber quem é quem no processo.
Com raras exceções, os eleitores de Juiz de Fora desconhecem o nome dos possíveis vices, uma vez que os partidos fazem desse posto uma estratégica peça de negociação. Até o momento derradeiro, as conversas passam necessariamente pela formação das chapas. Não há novidades nesse processo, pois ele se repete também nas negociações para os governos estaduais e presidência da República.
Na eleição de 2022, o presidente Lula surpreendeu a todos – aliados e adversários – ao chamar para compor sua chapa um adversário histórico. Geraldo Alckmin disputou a presidência da República em 2006 pelo PSDB contra o próprio Lula. Não foi uma disputa fácil, com os candidatos pesando nas tintas para defender suas ideias.
Mas como a lógica da política não é a mesma do dia a dia, os adversários de ontem tornaram-se aliados e chegaram ao comando do país. As diferenças foram superadas e, atualmente, ambos têm um discurso afinado, mesmo em questões que os dividiam em tempos pretéritos.
Juiz de Fora deverá se aproximar de dez candidaturas à Prefeitura, o que também não surpreende. Embora todo cidadão, em dia com suas obrigações legais, tenha direito de votar e ser votado, há os que entram no páreo apenas para marcar posição, o que é do jogo, ou até mesmo para projetar possíveis candidaturas para a eleição nacional de 2026, o que também é fato na política.
Num cenário em que os governos precisam de maioria para aprovar seus projetos nos parlamentos, a formação de chapas tornou-se vital. Primeiro por conta do tempo de exposição no rádio e na televisão; em segundo, para a captação de novos eleitores e, finalmente, para a etapa pós-eleitoral na composição do Legislativo. Governos sem maioria são obrigados a negociar pontualmente suas pautas e isso tem preço.
O Centrão é o grupo político que mais explicita esse processo. Com uma postura pendular, desde a sua origem, tem participado dos governos desde a redemocratização, mas sempre apresentando a conta, sobretudo na ocupação de cargos estratégicos. E não há garantias de plena fidelidade. Em várias pautas, o Governo federal se viu surpreendido pelo voto de deputados de partidos aliados.
Na agenda local a situação não é diferente. Os candidatos ao cargo majoritário precisam de aliados e isso se dá pela cessão de espaços. A partir do dia 21, na abertura da temporada de convenções, será possível avaliar o cenário a ser levado às ruas durante o período de campanha e quais serão os atores da jornada de caça ao voto.