Não votar tem consequências
Os mais de 50 mil eleitores que correm o risco de não irem às urnas de outubro devem reavaliar suas posturas, já que votar não é só eleger candidatos, mas também um ato fundamental para a democracia
Quando mais de 50 mil eleitores estão com o título cancelado em Juiz de Fora, há motivo suficiente para preocupação. Afinal, se a situação não for resolvida até o dia 8 de maio – prazo final para as eleições de outubro -, esse expressivo contingente estará ausente na eleição do comando da Prefeitura e composição da Câmara Municipal.
Parte desses personagens ainda não fez a biometria, agora uma exigência da Justiça Eleitoral, enquanto outra parcela tem a cultura de não participar das eleições. Se ausentes de três pleitos consecutivos sem a apresentação de justificativa, eles não poderão votar no dia 6 de outubro.
Há consequências. O eleitor que se ausenta de eleições não pode participar de concursos públicos e não tem acesso a passaporte. Também fica impedido de participar de licitações envolvendo o setor público.
Mas o pior desse cenário é a repercussão nas urnas. Numa disputa em que centenas de pretendentes estarão com seus nomes nas cédulas, a ausência de 50 mil eleitores tem consequências. Pelo menos dez por cento dos eleitores estarão antecipadamente fora da votação, sem se levar em conta os que não comparecerão às urnas.
Pelas projeções, o quociente eleitoral, primeiro critério para definição de vagas na Câmara Municipal, deve ficar em torno de 12 mil a 13 mil votos em Juiz de Fora, uma vez que o Legislativo a ser eleito este ano terá 23 cadeiras a partir do dia 1º de janeiro de 2025. Isto posto, as ausências terão significado direto na eleição ou na derrota de alguns pretendentes.
As eleições, no entanto, não devem ser vistas apenas como um momento para se eleger candidatos. De fato, esse é o principal objetivo, mas a ida às urnas tem significado mais amplo, por apontar para o poder do povo em definir seus representantes pelo voto direto e secreto, o que é que uma das essências da democracia.
Não é de hoje que se tenta demonizar a política, e quando pelo menos 50 mil pessoas decidem, sob os mais diversos argumentos, em não regularizar a sua situação na Justiça Eleitoral, estão sinalizando que concordam com tal assertiva. E se trata de um equívoco.
A política, a despeito dos muitos e diversos defeitos, ainda é um meio de transformação. Ademais, não é um processo exclusivo dos pleitos formais. A política ocorre dentro e fora dos lares. Ela é a etapa concreta de qualquer negociação. No caso dos candidatos a cargos políticos, é o acatamento ou rejeição de suas propostas.
Ainda há tempo. Para corrigir todas essas situações, é preciso ir ao cartório eleitoral da cidade até o dia 8 de maio. A biometria, a principal questão envolvendo 46.024 pessoas, é um avanço na disputa, por dar mais segurança aos próprios eleitores.
Se nos tempos idos o voto de cabresto era um dado real, com o passar dos pleitos anos o processo foi se aperfeiçoando. O país saiu das cédulas e foi para as urnas eletrônicas, que desde a sua adoção se mostraram seguras. A biometria foi uma nova etapa, por assegurar que não haverá possibilidade de substituição do eleitor. Quem ainda não fez tal registro deve se convencer da sua importância. A democracia agradece.