A força da propaganda
Partidos e candidatos estão preocupados com a propaganda eleitoral, que virou pauta prioritária no seminário de três dias realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
O expressivo número de sugestões para aperfeiçoamento das diretrizes das Eleições 2024, registrado pelo Tribunal Superior Eleitoral demonstra a preocupação dos partidos e da sociedade civil com as regras que irão gerenciar o pleito municipal. A maioria trata da propaganda eleitoral que continua sendo a principal referência para apresentação dos candidatos. As redes sociais, é fato, mudaram o panorama, mas o velho horário de propaganda no rádio e na televisão continua sendo estratégico.
Mesmo com a visível queda de audiência, os programas eleitorais ganham representatividade por pautarem o mundo digital. Os candidatos, por questão de custo e audiência, replicam suas apresentações em suas redes sociais fazendo seu gerenciamento ao próprio gosto.
O tempo de rádio e TV pauta também alianças, já que a maioria dos partidos não tem espaço suficiente para apresentar seus candidatos, salvo quando participam de alguma aliança. São raros os exemplos de políticos que sabem, ou souberam, usar o tempo mínimo para obter o máximo. Nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998, o polímata (pessoa cujo conhecimento não está restrito a uma única área) Enéas Carneiro (Prona), o maior símbolo do conservadorismo nacionalista do Brasil, diante do pouco tempo, marcou os três pleitos com o bordão “Meu nome é Enéas”.
Em Juiz de Fora o ex-prefeito Alberto Bejani também usou com maestria o pouco tempo e se consagrou nas urnas de 1988, quando obteve o seu primeiro mandato. O Partido da Juventude não tinha tempo suficiente para se apresentar, mas ele usava uma estratégia que chamou a atenção: falava além do tempo, dando à Justiça Eleitoral a missão de cortar o seu discurso. Na próxima edição se mostrava como vítima dos grandes partidos. Deu certo.
O TSE só deve apresentar o resultado do seminário na semana que vem, ocasião em que será possível avaliar quais propostas vai acolher, mas é certo que alguma mudança será feita não apenas na propaganda, mas também em outras pautas, como a prestação de contas, a segunda na lista das principais reivindicações.
A maior parte das demandas é de interesse interno dos partidos, mas ao eleitor caberá a repercussão de tais mudanças, especialmente na propaganda, já que os pequenos partidos vão buscar aliados que tenham lugar de fala, enquanto estes vão acolher as legendas que lhes rendam mais votos. Neste jogo de mútuo interesse flutuam os candidatos. Hoje, muitos partidos, ainda na etapa de formação de chapas, avaliam nomes capazes de obter votos. Os políticos, por sua vez, atuam de olho nas alianças e nos espaços que terão durante a campanha.