Confusão na compra de ingressos para show de Taylor Swift leva Procon a notificar responsável por vendas
Seja on-line ou presencialmente, cambistas tumultuam vendas que esgotaram em poucos minutos
Você pode nem gostar de Taylor Swift, mas é provável que nos últimos dias tenha ouvido falar bastante esse nome. Em novembro, a cantora norte-americana retorna ao país com a turnê “The Eras Tour”. A primeira vez após dez anos sem vir ao Brasil tem gerado confusão para conseguir um lugar no show. A princípio, foram anunciadas duas apresentações em São Paulo e uma no Rio de Janeiro. A venda para o público geral foi aberta nesta segunda-feira (12), e os ingressos se esgotaram em poucos minutos.
Em sites paralelos, no entanto, é possível encontrar o ingresso por até R$ 2.800 para pista premium, valor que oficialmente estava sendo vendido por R$ 950. A prática, popularmente conhecida como cambismo, é ilegal e tem o objetivo de gerar lucro ao negociar o valor dos bilhetes em um preço bem mais alto do que o oficial. Se condenada, a pessoa pode pegar de dois a quatro anos de prisão, além de ter de pagar multa.
Os cambistas têm causado tumulto na vida dos fãs da Taylor não apenas na venda on-line, mas também presencialmente nas bilheterias. Nas redes sociais, vídeos mostram confusão com fãs na porta dos estádios onde acontecerão os shows. Segundo relatos, os cambistas estariam furando a fila, onde pessoas estão acampadas por dias. O caso virou questão de polícia. Em São Paulo, no último domingo (11), véspera do início das vendas, a Polícia Militar foi chamada no Allianz Park. Até o Ministério Público de São Paulo foi acionado. A deputada Erika Hilton (PSOL) publicou, na última terça-feira, em sua conta no Twitter, ofício no qual pede a investigação dos casos de cambismo, envolvendo, inclusive, ameaça a fãs.
A enorme demanda fez com que a equipe da cantora anunciasse duas datas extras no Brasil, mais um show em São Paulo e um no Rio de Janeiro. A venda geral começa no dia 22 de junho, mas os cambistas já estão em ação. Em um site paralelo é possível reservar o ingresso que nem chegou a ser vendido. E os preços são exorbitantes, chegando a custar mais de R$ 10 mil.
Esclarecimentos ao Procon
A irregularidade fez com que os Procons do Rio de Janeiro e de São Paulo notificassem a empresa responsável pela venda dos ingressos, a Tickets For Fun. No Rio, o órgão notificou, na última terça, os organizadores do show internacional após denúncias de consumidores. “Os fãs alegam que revendedores não autorizados efetuaram a compra de uma grande quantidade de ingressos, impossibilitando a venda para os demais consumidores”, afirmou o órgão de defesa do consumidor.
A notificação feita pela autarquia busca esclarecer de que maneira se deu a organização das filas virtuais, se há limitação no número de ingressos comprados por pessoa e quais medidas são adotadas a fim de impedir que os ingressos sejam comprados para revenda. “O Código de Defesa do Consumidor garante o direito a um serviço seguro e eficiente, sendo vedada qualquer tipo de vantagem manifestamente excessiva. Logo, com esta notificação, buscamos entender quais as medidas tomadas pela organizadora para que os ingressos não sejam monopolizados por revendedores não autorizados, que não garantem qualquer segurança ao consumidor, além de revenderem por preços exorbitantes. Caso alguma irregularidade seja comprovada, abriremos processo administrativo”, afirma Cássio Coelho, presidente do órgão na cidade do Rio de Janeiro.
A Ticket for Fun deve responder a notificação em até dez dias. Caso sejam identificadas violações ao direito do consumidor, será aberto processo administrativo que pode resultar na aplicação de multa de R$ 13 milhões. O Procon RJ ainda informa que, caso os consumidores não consigam solucionar os problemas diretamente com a empresa, podem fazer contato através dos canais oficiais, disponíveis neste site.
Em São Paulo, o Procon reforça a importância das denúncias, que vão ajudar o órgão a notificar as empresas para que elas expliquem seus procedimentos de venda. A partir da notificação, a empresa organizadora tem prazo para apresentar suas explicações e, nos casos pertinentes, adotar medidas que solucionem os problemas apontados, de acordo com as regras do Código de Defesa do Consumidor. “Tal procedimento faz parte do processo para uma eventual realização de ações fiscalizatórias, quando devidas e para melhor orientar os consumidores em eventuais outras medidas”, afirmou o órgão.
A Tribuna entrou em contato com a Tickets For Fun para mais esclarecimentos, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.