Xerife do povo

Por Leandro Mazzini

Um dos maiores vitoriosos desta eleição é o ex-juiz Sergio Moro (UB). De herói a ‘vilão’, diante do vazamento de suas conversas quando magistrado e das falhas processuais que derrubaram a Operação Lava Jato, ele foi esculachado, xingado, exposto, quase desistiu do Brasil para lecionar nos Estados Unidos. Sua eleição para senador pelo Paraná com disputa acirrada, e a da sua esposa Rosângela Moro (UB) como deputada federal por São Paulo – amparada basicamente na fama do marido – elevou Moro a um patamar com quem agora muitos políticos e representantes de variados setores (inclusive do Judiciário) terão de sentar à mesa para articular pautas. Moro vai encarar no Congresso alguns de seus alvos, porém agora com boton de parlamentar. Levará consigo a estrela de xerife do povo. Sua eleição é a maior resposta de apoio da sociedade à operação contra a corrupção – e essa pauta, que caiu quando ministro da Justiça, voltará pelas suas mãos. A conferir o resultado.

Ocaso do PSDB

Aécio Neves foi eleito deputado federal de Minas Gerais pelo PSDB com pouco mais de 84 mil votos, com 0,76% dos válidos. Um resultado pífio para quem já mandou no estado, foi senador e presidenciável. Em São Paulo, o ex-governador e também ex-presidenciável José Serra perdeu a eleição para a Câmara dos Deputados. E os tucanos vão deixar o Governo do estado após quase três décadas. O PSDB precisa se reinventar.

Abstenção & rejeição

A alta abstenção de votos no domingo (32.766.498, ou 20,95% do eleitorado do Brasil) assustou todos os partidos. É tanto voto não computado que mudaria a eleição para qualquer candidato – Lula ou Bolsonaro poderia ganhar no 1º turno, Ciro e Tebet poderiam ter mais votos. Os partidos estão atrás de uma explicação para o desânimo do povo (precisa explicar, com esses dois candidatos?). Os partidos sabem que não foi apenas falta de transporte gratuito. Nem só má vontade. É a rejeição mesmo.

ACM Bolsonaro?

A Bahia vai ser palco no Nordeste para a maior batalha entre Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). ACM Neto (UB) ficou em segundo para o Governo. O “poste” do governador Rui Costa, Jerônimo (PT), quase venceu no 1º turno. Candidato de Bolsonaro, ex-ministro João Roma, ex-secretário e hoje inimigo de Neto, está com 10% dos votos. Roma virou o fiel da balança, e Neto terá de compor com ele e o presidente se quiser virar o jogo.

PF e urnas

A Polícia Federal está preocupada com a nova regra que proíbe uso de armas nas seções eleitorais – mesmo para as forças de segurança autorizadas pelo TSE. Consta no Artigo 154 da resolução da Corte que o agente (seja PF ou policial militar) poderá portar a arma no momento do voto e deixar a seção. A polícia será acionada em caso de o mesário solicitar sua presença. Na análise dos federais, isso inibe a atuação dos agentes, porque correm o risco de perderem flagrantes e prejudicar investigações.

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Sobrenome em baixa

O sobrenome Bolsonaro e quem associa seu nome ao clã estão em baixa, ao contrário de 2018, revelaram as urnas deste domingo. Leo Índio (sobrinho do presidente), Frederick Wassef (seu advogado), Ana Cristina (ex-mulher e mãe do ‘Zero Quatro’), Fabiano (o intérprete) e um meio-irmão da primeira-dama Michele perderam a eleição para deputados.

Leandro Mazzini

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