Ambulantes protestam na Avenida GetĂșlio Vargas
Trabalhadores reclamam da permanĂȘncia na Praça do Riachuelo, onde eles foram alocados pela Prefeitura em novembro do ano passado
Um grupo de ambulantes protestou, na tarde desta quinta-feira (6), contra a decisĂŁo da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) de alocĂĄ-los na Praça do Riachuelo. Os trabalhadores pararam o trĂąnsito na esquina da Avenida GetĂșlio Vargas com a Rua Marechal Deodoro, no Centro. A PolĂcia Militar esteve no local e tentou negociar com os manifestantes, que seguravam cartazes com dizeres contra a permanĂȘncia no novo ponto estipulado pela PJF para organizar o comĂ©rcio popular de rua. HĂĄ informaçÔes de que uma ambulante teria passado mal durante o protesto. O ato foi finalizado por volta das 17h30.
Um dos participantes do protesto, o vendedor Carlos Caetano, criticou a decisĂŁo da Prefeitura. “Na Marechal nĂŁo pode trabalhar, nĂŁo pode na Halfeld, nĂŁo pode na Batista. “Tiraram todo mundo da GetĂșlio Vargas dizendo que Ă© por causa do viaduto, mas o que o viaduto mudou? Nada. O viaduto jĂĄ estĂĄ inaugurado e nĂŁo mudou nada aqui, tiraram sĂł os camelĂŽs.”
Ele tambĂ©m relatou Ă Tribuna que muitos dos ambulantes nĂŁo estĂŁo ficando na Praça do Riachuelo, pois no local nĂŁo teria lugar para todos. “LĂĄ na praça nĂŁo tem nenhuma estrutura para a gente trabalhar. NĂŁo estamos ficando lĂĄ, porque ninguĂ©m quer trabalhar lĂĄ, nĂŁo tem lugar para todo mundo. E quem estĂĄ lĂĄ nĂŁo estĂĄ satisfeito. Passamos o pior Natal agora, nĂŁo vendemos nada.”
Outra manifestante, Hilda Maria da Silva, ressaltou que a indignação vem da trajetĂłria dos trabalhadores. Alguns deles com mais de 40 anos no comĂ©rcio popular da cidade. “Eles perderam o seu direito de trabalhar do dia para a noite, sem defesa. Foram para a praça sem condição nenhuma, porque lĂĄ eles nĂŁo fazem nem para comer. NĂŁo paga o estacionamento, nĂŁo paga a luz, nĂŁo paga nada.” Ela afirma que a classe precisa ser defendida. “Estamos querendo que eles tenham seus direitos da melhor maneira possĂvel. Tem que ouvi-los. Tem que ter conversa, tem que ter diĂĄlogo”, defendeu Hilda.
Manifestantes sinalizam novo protesto para esta sexta
O vendedor ambulante Gabriel Brasileiro, de 21 anos, ressaltou que o grupo que participou do protesto de forma espontĂąnea Ă© formado por comerciantes insatisfeitos e que nĂŁo possuem uma liderança. Segundo Gabriel, muitos deles tĂȘm enfrentado dificuldades financeiras desde que foram transferidos para a Praça do Riachuelo. “Alguns tiveram que pedir ajuda para passar este Natal.”
Segundo ele, o local para onde os ambulantes foram remanejados nĂŁo oferece condiçÔes de trabalho, tem pouco movimento de possĂveis clientes e registra outros problemas sociais, com a presença de usuĂĄrios de drogas e de pessoas em situação de rua que dividem o espaço com os comerciantes.
Gabriel disse ainda que a maioria dos ambulantes que participou do protesto tinha, atĂ© o ano passado, suas barracas montadas nas principais vias da cidade, como Avenida GetĂșlio Vargas e as ruas Halfeld e Marechal Deodoro. “Trabalhavam hĂĄ oito anos na GetĂșlio”, conta.
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Ao fim do protesto, os manifestantes ressaltaram que buscaram um diålogo com a Prefeitura na tarde desta quinta-feira, mas sem sucesso. Os ambulantes querem ser realocados para seus pontos de origem e prometem uma nova manifestação para esta sexta-feira.
PJF diz que tem dialogado com a categoria
Por meio de nota, a Prefeitura de Juiz de Fora destacou que reforça o seu compromisso em manter o diĂĄlogo com os trabalhadores do comĂ©rcio popular irregulares. “Com o intuito de promover a mobilidade e a requalificação do Centro, foi oferecida a oportunidade desses trabalhadores continuarem vendendo suas mercadorias na Praça do Riachuelo, atravĂ©s da assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC). O espaço pĂșblico recebe intervençÔes do programa Boniteza regularmente, alĂ©m de outras atividades promovidas pela PJF. Os primeiros a aderir receberam barracas e 50 pessoas foram beneficiadas no mĂȘs de dezembro com cestas bĂĄsicas e de Natal. Servidores da Prefeitura estĂŁo todos os dias na praça para manter o diĂĄlogo, como conferir a presença nos pontos.”
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A PJF informou que a revogação do TAC pode ser feita pelo MunicĂpio quando for constatado descumprimento ou solicitada pelo comerciante, mas tem implicaçÔes quando houver a licitação formal, caso os ambulantes insistirem na prĂĄtica irregular. “O objetivo das açÔes Ă© garantir melhores condiçÔes de trabalho com a formalização e coibir a precarização. As mudanças jĂĄ impactaram em uma melhor acessibilidade para pedestres e maior agilidade urbana para o transporte pĂșblico e veĂculos.” A PJF ainda reiterou na nota que encaminhou Ă CĂąmara Municipal em novembro a mensagem com o projeto de lei para a regulamentação da atividade, uma vez que a legislação em vigor tem quase 30 anos e encontra-se defasada. Novas licenças, conforme a PJF, sĂł poderĂŁo ser emitidas apĂłs a aprovação.
TrĂąnsito
Em função do protesto dos ambulantes na tarde de quinta-feira, o trĂąnsito na regiĂŁo foi prejudicado, e as cĂąmeras da Infotrans indicavam o trĂĄfego lento e retenção na GetĂșlio Vargas e na Floriano Peixoto por volta das 17h. A PolĂcia Militar e os agentes da Guarda Municipal estiveram presentes para orientar o trĂĄfego de veĂculos. Um desvio foi feito provisoriamente para carros de passeio na altura da Rua Benjamin Constant.