No inĂcio do mĂȘs de agosto nos despedimos dos Jogos OlĂmpicos de TĂłquio. Foi uma edição diferente, sem o calor do pĂșblico que estĂĄvamos acostumados a ver e sentir em ediçÔes anteriores. Tudo isso em decorrĂȘncia das restriçÔes e distanciamento social.
Dentre tantos fatos, histĂłrias e acontecimentos marcantes ocorridos em duas semanas de evento, um fato em especĂfico surpreendeu a todos e, ao mesmo tempo, escancarou de vez a importĂąncia do autoconhecimento, principalmente no que tange nossos limites pessoais e saĂșde mental.
Cotada para ser o nome dessas OlimpĂadas, a ginasta norte americana Simone Biles, tomou uma corajosa e difĂcil decisĂŁo: desistir da competição para dar prioridade Ă sua saĂșde mental.
Em entrevista concedida Ă imprensa mundial apĂłs o anĂșncio da sua desistĂȘncia, a atleta se justificou dizendo que, primeiro, era preciso se concentrar no seu bem-estar, pois havia uma vida alĂ©m da ginĂĄstica.
A declaração de Biles teve grande repercussĂŁo em todo o mundo e nos trouxe muitas reflexĂ”es, principalmente quando pensamos sobre a nossa realidade profissional. VocĂȘ jĂĄ parou para pensar que desistir nĂŁo significa derrota ou fracasso, mas sim uma estratĂ©gia inteligente para que a construção da sua carreira possa ser mais prazerosa?
InteligĂȘncia emocional como aliada ao trabalho e carreira
Para que a sua carreira profissional possa ser moldada em bases sĂłlidas, existe uma habilidade que Ă© essencial para este processo. Ela se chama inteligĂȘncia emocional.
Biologicamente, o que ocorre é que o lado emocional do cérebro funciona mais rapidamente do que o lado racional. Ou seja, enquanto estamos agindo no calor da emoção, nossa razão ainda estå processando e analisando o fato.
A partir do momento que começamos a perceber que somos movidos principalmente pelos sentimentos, Ă© que vemos a necessidade de entender os pilares da InteligĂȘncia Emocional.
De acordo com dados do FĂłrum EconĂŽmico Mundial, a InteligĂȘncia Emocional estĂĄ entre o top 10 de habilidades necessĂĄrias para alcançar o sucesso no mercado de trabalho, e Ă© responsĂĄvel por mais de 58% do desempenho dos profissionais.
Ser uma pessoa com uma inteligĂȘncia emocional bem desenvolvida nĂŁo significa anular suas emoçÔes, mas ter um maior conhecimento e domĂnio delas, sendo capaz de manter-se emocionalmente constante e focado na resolução de problemas, sabendo reconhecer e gerenciar suas emoçÔes diante de imprevistos, conflitos e situaçÔes de estresse.
Mas sĂł Ă© possĂvel controlar aquilo que conhecemos e sentimos. Um alto nĂvel de inteligĂȘncia emocional significa entender justamente isso, tendo a capacidade de saber o que fazer com esse sentimento.
Dessa forma passamos a fazer escolhas mais conscientes, além de compreender as emoçÔes de outras pessoas, construindo relaçÔes e interaçÔes mais saudåveis.
Desenvolver essa habilidade faz toda a diferença para qualquer pessoa que deseja crescer em sua carreia profissional e atender às atuais demandas do mercado de trabalho, que estå cada vez mais complexo, repleto de mudanças e incertezas.
O profissional que sabe administrar as prĂłprias emoçÔes, sobretudo aquelas negativas e limitantes, consegue atravessar com muito mais tranquilidade cenĂĄrios difĂceis e complexos. E pessoas emocionalmente inteligentes sĂŁo mais confiantes e motivadas, sĂŁo capazes de avaliar constantemente suas atitudes e pensamentos, se relacionam de maneira mais equilibrada e sĂŁo capazes de encarar situaçÔes difĂceis com mais facilidade, possuindo grande capacidade de superação.
Desenvolvendo a InteligĂȘncia Emocional
Para desenvolver a sua inteligĂȘncia emocional, Ă© importante contar com a ajuda de alguns profissionais, principalmente nas ĂĄreas de comportamento humano. No entanto, tambĂ©m Ă© possĂvel começar a mudança pela forma como vocĂȘ encara seus sentimentos, e para isso Ă© preciso ter:
- Autoconhecimento emocional: reconhecer o que sentimos Ă© fundamental neste processo. Ă necessĂĄrio identificar nossos sentimentos de uma forma racional, analisando o contexto em que eles se manifestam e quais sĂŁo nossos pensamentos e atitudes diante deles.
- AutogestĂŁo das emoçÔes: apĂłs identificar essas emoçÔes, Ă© importante identificar qual gatilho mental desencadeou esse sentimento, um momento de tensĂŁo, estresse, felicidade, tristeza? Aqui compreendemos qual foi o processo de atribuição de sentido, ou seja, de interpretação que vocĂȘ, automaticamente, dĂĄ a determinada situação. Dessa forma tentamos buscar quais outras possibilidades de interpretaçÔes poderiam ocorrer, elaborando alternativas de como podemos lidar com elas.
- Empatia: mais do que uma palavra que estĂĄ na moda, saber desenvolver o nosso olhar sob a perspectiva do outro Ă© essencial para lidar com o que sentimos. Ser empĂĄtico e ter compaixĂŁo diminui a tendĂȘncia de julgar os outros, melhorando nossos relacionamentos e nossa relação com o mundo. Isto ajuda a tornar nossas relaçÔes mais leves e sem tantas cobranças.
- Pensamentos positivos: a melhor maneira de lidar com emoçÔes negativas é, inicialmente se permitir senti-las, e depois decidir o que faremos com elas. à muito pior quando não nos permitimos sentir, e por isso precisamos aceitå-las. Outro fator que nos ajuda neste processo é sempre buscar pensamentos positivos, principalmente quando estamos diante de novos desafios.
- Relacionamento Interpessoal: Praticando a empatia e tendo boas relaçÔes com outras pessoas, somos capazes de criar um ambiente positivo e receptivo a nossa volta, melhorando não só a nossa própria qualidade de vida, mas também contagiando as pessoas que estejam ao nosso redor.
A inteligĂȘncia emocional Ă© uma habilidade importante que deve ser desenvolvida por todas as pessoas. PorĂ©m, trata-se de um processo que demanda tempo. E, alĂ©m disso, Ă© preciso ter calma, paciĂȘncia e, principalmente, treino.
Em momentos de crise, pressão ou estresse, manter a calma é fundamental para conseguirmos assumir o controle das nossas emoçÔes e nos manter concentrados. O mundo não para, e precisamos saber como continuar na ativa mesmo quando nossas emoçÔes tentam dizer o contrårio.
Nossa mente é cheia de distraçÔes, e muitas vezes acabamos fazendo coisas ordinariamente, sem prestar atenção no que acontece naquele momento ou no que, de fato, precisamos para nos manter focados.
Pense que vocĂȘ Ă© um atleta olĂmpico, como Simone Biles. Para ela chegar aonde ela chegou, sem dĂșvida, foi necessĂĄrio muita dedicação, motivação, otimismo e prĂĄtica dentro do ginĂĄsio. E, ao longo dessa trajetĂłria, algumas pausas que foram fundamentais para que ela pudesse respirar e ganhar forças para continuar.
Podemos atĂ© nĂŁo ser ginastas, mas tambĂ©m possuĂmos desafios e momentos difĂceis, que necessitam de uma reflexĂŁo e amadurecimento maior, e para isso precisamos entender nossas emoçÔes, saber lidar com elas, e buscar motivaçÔes.