Cinco músicas para homenagear os avós
Para marcar o Dia dos Avós, celebrado do dia 26 de julho, a Tribuna separou canções que são verdadeiras declarações de amor
Dia 26 de julho é Dia dos Avós. As palavras quase falham quando mencionamos suas histórias, contadas à base de café, broa, biscoitos e o que mais tiver na geladeira. Com olhar atento e coração sempre aberto, eles são o conforto e o colo que todo mundo precisa. Quando não sabemos como expressar esse amor inesgotável, nada como a arte para cumprir esse papel, dizendo exatamente aquilo que buscamos. Por isso, a Tribuna selecionou cinco músicas brasileiras, que contam histórias diferentes e são verdadeiras declarações de amor aos avós, a esse laço inexplicável que permanece independentemente das circunstâncias. Confira, ouça, escolha a que faça mais sentido e mande como presente – inclusive simbolicamente.
“Dona Cila” – Maria Gadú
Lançada no primeiro álbum de Maria Gadú, em 2009, “Dona Cila”, desde aquela época, emociona os ouvintes. De maneira sensível e poética, ela relata os últimos momentos de sua avó, acometida pelo câncer. A cantora e compositora conta que a canção foi uma maneira de dizer que, apesar de tudo, aceitava que era hora de sua avó partir. Dois dias depois de ter a letra escrita, ela faleceu. Com menções à sua relação com ela e à própria morte, como no trecho “Ó meu pai do céu, limpe tudo aí/ Vai chegar a rainha/ Precisando dormir/ Quando ela chegar/ Tu me faça um favor/ Dê um banto a ela, que ela me benze aonde eu for”, a música continua sendo trilha sonora para aqueles que querem homenagear os avós que já se foram e que, ainda assim, o amor continua. A música, mesmo que triste, conforta esses corações.
“Coisa da antiga” – Wilson Moreira e Nei Lopes
Imortalizada na voz de Clara Nunes, “Coisa da antiga” foi composta por Wilson Moreira e Nei Lopes e lançada em 1977 no álbum “As forças da natureza”. A música, que também ganhou clipe e é um dos destaques do álbum, conta sobre a história dos avós, mas pelo olhar e pela voz da mãe. Coisas da antiga, nesse caso, é tudo o que se refere a um tempo “com mais mais amizade e mais consideração”, em que o avô, “nego fujão”, não se entregou à escravidão e que, agora, no entanto, ninguém mais liga para isso, tudo ficou tudo para trás. Muitos só conhecem a história de seus antepassados pelo que ouvem e reivindicam a necessidade de conhecer, afinal, sobre si mesmos. É isso que essa música propõe, o registro das lembranças.
“Quem foi que roubou a sopeira de porcelana chinesa que a vovó ganhou da baronesa?” – Jorge Ben
De maneira quase infantil, a música, lançada em 1969 no seu disco homônimo, faz exatamente a pergunta que o título propõe, contando sobre o que aconteceu quando a avó perdeu a porcelana ganhada. O neto assume a responsabilidade de encontrar a peça só para não deixar a avó triste e a fazer reviver “o mundo maravilhoso” que ela mesma ensinou a ele. A canção escancara essa relação potente entre avós e netos, tanto de ensinamento, quanto de aprendizado cotidiano entre aqueles que vivem juntos. Por fim, Jorge Ben afirma que, sim, a música é uma homenagem a sua avó, mas também, a todas as outras, já que histórias como essa são mais comuns do que imaginamos.
“Avohai” – Zé Ramalho
Lançada em 1976 no disco “Coletiva de Música Paraibana”. Na melodia extrovertida que acompanha a letra, muitas vezes não nos damos conta do que ele diz. Em um de seus shows, ele conta que essa música é para o seu avô, que fez papel de pai, mas também de filho. “Avohai”, de acordo com ele, significa avô e pai. A música descreve essa figura: um velho invisível e indivisível. Fala também de sua avó, e, em um trecho, canta: “É o terço de brilhante/ Nos dedos de minha avó/ E nunca mais eu tive medo/ Da porteira/ Nem também da companheira/ Que nunca dormia só”, mostrando essa relação tão única que esse laço proporciona. “Avohai” é declaração de amor singela àqueles que nos fazem seguir na linha reta da vida.
“O neto” – Dicró
Lançada em 1994, faz, também, um duplo papel. A música é como uma comemoração pela chegada de um neto e como as coisas mudaram depois disso: ele, que era carrancudo, agora faz de tudo para alegrar o neto. Mesmo depois de ver o filho crescer, achando que era esse seu papel, as coisas fizeram mais sentido com o nascimento de mais um descendente. Pelo coro das crianças, que repetem a palavra “vovô”, elas respondem que também gostam muito dele, agradecendo o papel que ele desempenha. Muitas vezes, inclusive, uma simples atitude, como ir a um parquinho, mas que fazem a diferença na vida tanto de um quanto de outro.
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