Novos projetos

Desistência da M. Dias Branco deve servir de alerta para as lideranças e apontar para a importância do trabalho conjunto em torno da região


Por Tribuna

23/11/2019 às 06h58

Quando a M. Dias Branco assumiu o controle da Indústria de Produtos Alimentícios Piraquê, no Rio de Janeiro, foi acesa a luz amarela em Juiz de Fora, por conta da proximidade do município com o estado vizinho. Grandes grupos fazem contas, avaliam perspectivas e decidem sem o viés emocional. A nota encaminhada à Comissão de Valores Mobiliário e aos acionistas avisando da mudança de planos não surpreendeu. Era apenas uma questão de tempo.

É fato que, enquanto tal processo não tivesse o seu desfecho, foram cobradas ações de lideranças políticas e representativas para reverter a situação, mas pouco foi feito nesse sentido, o que reabre a discussão sobre a sintonia entre setor produtivo, lideranças políticas e populares na defesa de interesses da cidade.

Embora a M. Dias Branco seja uma página virada no curto prazo, outros projetos estão à busca de parceiros, o que só é identificável com trabalho de prospecção. Os municípios devem criar instâncias para fazer esse acompanhamento. Nesse aspecto, mais do que a Prefeitura, entidades como a Ampar deveriam capitanear essa estratégia, a fim de garantir investimentos não apenas para Juiz de Fora, mas para a região.

Pensar apenas no município-polo como foco de investimentos é um contrassenso, pois o crescimento tem que se espalhar pela região. Caso contrário, o cenário de empobrecimento das cidades vai continuar, enquanto o inchaço das metrópoles ganhará ênfase. Um entorno rico beneficia a todos. O clássico exemplo é Belo Horizonte: a capital mineira é pobre em indústria, mas a Região Metropolitana é um verdadeiro distrito industrial. E onde se concentra o consumo? Por esta lógica, todos ganham, pois seriam criados diques no êxodo populacional e criados repasses tributários para as prefeituras, hoje, à mercê – em sua maioria – de transferências do Fundo de Participação dos Municípios.

Agora mesmo, a região discute contrapartidas da MRS ora em processo de renovação de sua concessão. Elas deveriam ser avaliadas holisticamente e com envolvimento pleno de todas as lideranças. Em processos como esse, o investimento solo, apartado das demais instâncias, mais atrapalha do que ajuda.

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